Os Fundadores dos Estados Unidos e Seus Lados Sombrio
Apesar de os Pais Fundadores dos Estados Unidos serem frequentemente vistos como figuras heroicas, é importante lembrar que, como qualquer ser humano, eles também tinham defeitos. Eles podem ter sido esculpidos em pedra, mas sua história é muito mais complexa do que as façanhas glorificadas sugerem. Aqui estão algumas ações menos conhecidas e moralmente questionáveis desses homens que ajudaram a construir a nação.
A Abusiva Presidência de John Adams
John Adams, o segundo presidente dos Estados Unidos, é conhecido por escrever a Constituição mais antiga ainda em uso. No entanto, ele também foi responsável por abusar do poder durante seu governo. Adams não aceitava críticas e, quando o congressista Matthew Lyon afirmou que ele estava “consumido pelo desejo de poder”, Adams reagiu de forma desproporcional.
Em 1798, ele assinou as Leis de Alienação e Sedução, que tornavam ilegal criticar o presidente ou outros membros do governo. Adams justificou essa medida como uma questão de segurança nacional, alegando que o país estava à beira de guerra com a França. Lyon foi processado e multado em mil dólares, além de passar quatro meses na prisão. Surpreendentemente, ele foi reeleito enquanto estava preso, tornando-se um símbolo de resistência.
O editor de jornal Benjamin Franklin Bache, neto do famoso Benjamin Franklin, também sofreu as consequências. Ele foi atacado e sua casa foi vandalizada após fazer críticas a Adams. O componente de “alienação” da lei facilitou a deportação de imigrantes e dificultou a votação de cidadãos naturalizados.
Mais de uma dúzia de pessoas foram condenadas sob essas leis, que eventualmente expiraram durante o governo de Adams. Thomas Jefferson se aproveitou da insatisfação popular para vencer a eleição de 1800. Adams foi o primeiro presidente a não comparecer à posse de seu sucessor.
Promessas Quebradas por George Washington
George Washington é amplamente celebrado por sua liderança, mas suas promessas de libertar seus escravos são uma mancha em sua reputação. Quando Washington morreu em 1799, a nação se uniu em luto, mas 123 escravos que ele possuía permaneceram em cativeiro. Washington prometeu libertá-los em seu testamento, mas apenas um deles, William Lee, foi libertado imediatamente.
A maioria dos escravos de Mount Vernon ficou em servidão por décadas. Washington só tinha o direito legal de libertar metade deles, pois a outra metade pertencia à família de sua esposa. Ela só libertou os outros escravos quando temeu uma revolta.
Embora há quem defenda que ele tratava seus escravos com dignidade, isso não muda o fato de que ele não os libertou em vida e permanecia entre os proprietários de terras ricos da Virgínia que exploravam o trabalho escravo.
John Hancock: O Contrabandista Rebelde
John Hancock é lembrado como um líder revolucionário, mas também era um habilidoso contrabandista. Ele ficou conhecido como “O Príncipe dos Contrabandistas” por contrabandear chá holandês em sua embarcação, o Liberty. Sua fortuna e influência muitas vezes foram impulsionadas pelo contrabando, o que o levou a se opor abertamente às leis britânicas.
Hancock usou o descontentamento popular a seu favor. Após seu navio ser apreendido, a agitação pública levou a confrontos violentos entre colonos e soldados britânicos, resultando no Massacre de Boston em 1770. Ele financiou e encorajou manifestações como a Festa do Chá de Boston.
Embora Hancock tenha assinado a Declaração de Independência, suas ações eram amplamente motivadas por interesses próprios, e não por um genuíno desejo de justiça.
O Hipocrisia de Thomas Jefferson
Thomas Jefferson, conhecido por sua famosa frase “todos os homens são criados iguais”, possuía cerca de 600 escravos ao longo de sua vida. Ele criticou a escravidão publicamente, mas suas ações o contradizem. Em sua plantação de Monticello, escravos eram forçados a trabalhar em condições difíceis para sua produção agrícola.
Jefferson também estabeleceu um sistema cruel em sua fábrica de pregos, onde crianças eram incentivadas a produzir em alta velocidade, enquanto as que não se destacavam enfrentavam punições severas. Ele não pretendia libertar seus escravos e justificava sua posição com a falsa ideia de uma suposta inferioridade intelectual dos negros.
Além disso, Jefferson teve um relacionamento abusivo com sua escrava adolescente, Sally Hemings, sua meia-irmã. Ele a engravidou e teve filhos com ela, ignorando as implicações morais de suas ações.
Patrick Henry e a Prisão da Esposa
Patrick Henry, famoso por seu grito “Dai-me liberdade ou dai-me morte!”, não concedeu a mesma liberdade à sua esposa, Sarah. Ela passou a ter problemas mentais após o nascimento do último filho e acabou sendo confinado em um porão sob cuidados de um escravo. Henry preferiu mantê-la em casa, mesmo sem assistência médica, a enviá-la para um hospital que usava tratamentos cruéis.
Sarah morreu em 1775, sem que Henry tivesse lhe proporcionado a dignidade que ela merecia.
Alexander Hamilton e Seu Escândalo de Infidelidade
Hamilton é lembrado por seu espírito combativo e acabou morrendo em um duelo. Contudo, seu legado inclui um intenso escândalo de infidelidade. Em 1797, ele reconheceu uma relação extraconjugal com Maria Reynolds em um extenso panfleto. Este escândalo não só afetou sua vida pessoal, mas também tumultuou seu legado político.
Hamilton e Reynolds se envolveram enquanto ela buscava ajuda financeira após ser abandonada. Quando seu marido descobriu, o casal tentou extorquir Hamilton em 1.300 dólares, valor considerável para a época. Quando ameaçado de exposição, Hamilton decidiu confessar publicamente.
Na época, o escândalo afetou sua esposa, que passou a ser culpada por sua infidelidade, mostrando como a sociedade tratava as mulheres no contexto de tais escândalos.
Considerações Finais
Refletir sobre os Pais Fundadores não deve significar enaltecer suas ações, mas, em vez disso, reconhecer suas falhas humanas. Eles não eram figuras perfeitas entalhadas em pedra, mas indivíduos com grande complexidade moral, cujas ações tiveram impactos duradouros na história dos Estados Unidos. É crucial entender essas nuances para formar uma visão mais equilibrada e realista sobre a fundação da nação.
