O Tesouro Subaquático: Cognac e Licores Perdidos do Mar Báltico
Recentemente, uma equipe de mergulhadores da Ocean X recuperou 905 garrafas de cognac e licor do fundo do Mar Báltico. Essas bebidas, com mais de um século, estavam a bordo de um navio que foi afundado por um submarino alemão em 1917. O cargueiro ficou submerso por mais de 100 anos, escondendo suas preciosidades no fundo do oceano.
Esse carregamento era destinado à aristocracia russa, possivelmente até mesmo ao czar Nicolau II. Um ano após o naufrágio, a família real foi executada, tornando o achado ainda mais significativo. Entre os itens resgatados, estavam 15 caixas de licor de ervas Benedictine e 55 caixas de cognac.
As águas frias e escuras do Báltico proporcionam boas condições para a preservação de bebidas alcoólicas. Estudos futuros vão confirmar se as garrafas ainda são consumíveis. Algumas rolhas tiveram a pressão da água empurrando-as para dentro, e um pouco de sedimento entrou, mas muitos selos de estanho ainda estão intactos.
Peter Lindberg, fundador da Ocean X, afirmou: “Esta foi a última remessa para a Rússia e para o czar.” Essa operação levou 20 anos de esforços para trazer à tona este tesouro histórico. Os especialistas estão otimistas de que essas bebidas têm alto valor de mercado.
O navio, chamado Kyros, era sueco. Durante a Primeira Guerra Mundial, a Suécia se manteve neutra, mas os alemães e os russos estavam em guerra. Como resultado, a marinha alemã tinha ordens para afundar qualquer embarcação que levasse suprimentos para os portos russos. Assim, o Kyros foi afundado sem hesitação.
Dennis Asberg, porta-voz da Ocean X, comentou sobre a vontade de encontrar as garrafas: “Levou 20 anos para recuperar esse tesouro histórico. Muitas garrafas estão em boas condições. Faremos uma análise completa agora.”
A localização do naufrágio teve sua parte de danos ao longo do século 20, principalmente por redes de pesca. O local foi descoberto apenas em 1999. Agora, as garrafas de cognac “De Haartman & Co” e de licor Benedictine finalmente estão fora do fundo marinho, a 77 metros de profundidade.
Este achado é importante não só por ser uma bebida rara, mas também por representar uma parte da história da antiga Rússia imperial. Além das bebidas, também foram encontrados componentes de uma pistola Luger alemã e um projétil, levantando suspeitas de que o Kyros transportava suprimentos de guerra.
Os documentos de carga indicavam que o navio também levava aço e peças de máquinas, possivelmente para ajudar o esforço de guerra russo. O barco partiu da França em dezembro de 1916, mas o envio foi adiado por causa do gelo no mar de Bothnia.
Em 19 de maio de 1917, um submarino alemão interceptou o Kyros no Mar de Aland e decidiu afundá-lo com explosivos após inspecionar o navio. Felizmente, a tripulação foi transferida para outro barco e retornou em segurança para a Suécia.
Para resgatar as bebidas perdidas, a Ocean X usou veículos subaquáticos operados remotamente (ROVs). Essas drones submarinas foram úteis, principalmente pela baixa visibilidade no fundo do mar. De acordo com as leis internacionais de salvamento marítimo, qualquer um pode recuperar e manter o que encontrar.
Lindberg e sua equipe já tiveram sucesso em atividades semelhantes no passado. Em 1997, eles resgataram quase 2.005 garrafas de champanhe de um naufrágio que também estava a caminho da Rússia. Cada garrafa poderia valer entre R$ 25.000 e R$ 50.000 em leilões, tornando a missão potencialmente lucrativa.
O valor desta nova coleção pode chegar a milhões de dólares. A marca Benedictine está associada à Bacardi, o que pode aumentar ainda mais seu valor. As garrafas de “De Haartman & Co” não são mais produzidas, tornando-as ainda mais atraentes para colecionadores.
Ainda não se sabe se os colecionadores preferem comprar cognac vintage de uma marca conhecida ou se interessam mais por um produto desconhecido, como esses que foram recuperados. O futuro dirá se esses achados agregarão valor no mercado.
A equipe da Ocean X está animada com seus próximos passos, incluindo uma expedição em busca dos ovos Fabergé do czar Nicolau II. Além disso, Lindberg está focado em uma estrutura subaquática descoberta em 2012 chamada “anomalia do Báltico”, que pode ser um assentamento muito antigo.
Os pesquisadores continuam explorando as profundezas do Mar Báltico, e a expectativa é que novas descobertas sejam feitas no futuro. Enquanto isso, o tesouro do Kyros poderá em breve ser levado a leilão, atraindo a atenção de colecionadores e entusiastas da história. Essa história continua a mostrar como os mares ainda guardam segredos fascinantes.
