Na noite de sábado, 8 de novembro, amigos e familiares de Lô Borges, um importante nome da Música Popular Brasileira (MPB), se reuniram na Paróquia Santa Teresa e Santa Teresinha, em Belo Horizonte, para a missa de sétimo dia do artista, que faleceu no último dia 2. O povo presente cantou com emoção diversas músicas do cantor, incluindo “O Trem Azul” e “Quem sabe isso quer dizer amor”, tornando a celebração um tributo ao seu legado.

    Três corais participaram da cerimônia: Ensaio Aberto, Coral do Hospital Felício Rocho e Madrigal Scala. O momento começou com a música “O Trem Azul”, onde inicialmente apenas familiares e amigos mais próximos cantaram. No entanto, logo todos na igreja se juntaram, entoando o famoso verso “Você pega o trem azul, o sol na cabeça”. As vozes se misturaram em uma performance emocionante que fez muitos presentes chorarem e aplaudirem.

    Rodrigo Borges, sobrinho de Lô, também fez uma homenagem especial ao tocar violão e cantar “Quem sabe isso quer dizer amor”. De acordo com Rodrigo, essa celebração era uma forma de reconhecer o trabalho de Lô e garantir que sua memória fosse lembrada de maneira bela.

    O maestro Lindomar Gomes, responsável por conduzir os corais, destacou a importância da participação de Lô em várias ocasiões na paróquia. Ele incentivou a participação do público, que correspondeu com empolgação. O irmão de Lô, Telo Borges, também fez parte das homenagens, que foram marcadas por momentos de profunda emoção.

    No final da missa, o irmão Yé Borges comentou que os últimos dias têm sido desafiadores para a família, mas que estão se unindo na fé para lidar com a dor da perda. Ele expressou que a missa seria um momento de encerramento de um ciclo de luto.

    ### Legado Musical

    Lô Borges deixou um legado impressionante na música brasileira, especialmente através do movimento Clube da Esquina, do qual foi um dos fundadores. Essa influência perdura até hoje, inspirando novas gerações de músicos em Belo Horizonte. O Clube da Esquina revolucionou a MPB, reunindo artistas como Milton Nascimento, Márcio Borges, Toninho Horta e Beto Guedes. Juntos, eles criaram uma sonoridade única, caracterizada por harmonias sofisticadas e letras poéticas.

    O álbum “Clube da Esquina”, lançado em 1972 e coautorado por Lô e Milton Nascimento, é considerado um marco da música brasileira. O artista ajudou a criar várias composições memoráveis, como “Para Lennon e McCartney”, e “Clube da Esquina”, que já estavam presentes no disco “Milton”, de 1970. Descrito como um habilidoso compositor, Lô sempre trouxe uma mistura de influências em sua música, incorporando elementos de rock, jazz, baião e MPB.

    Seu primeiro disco solo, “Disco do Tênis”, de 1972, apresentava o famoso “O Trem Azul” e se tornou um clássico, recebendo reconhecimento até mesmo de artistas internacionais, como Alex Turner, da banda Arctic Monkeys.

    Mesmo após a pandemia, Lô continuou a compor e produziu cerca de 40 músicas durante esse período. De acordo com seu irmão Yé Borges, ele deixou quatro álbuns inéditos prontos, dois dos quais já foram mixados, demonstrando sua incansável criatividade até seus últimos dias.

    Share.