Resumo

    Uma nova terapia chamada iMAPS pode ajudar pessoas com psicose a lidarem com imagens mentais perturbadoras que causam paranoia, medo e alucinações. Em um teste com 45 participantes, a abordagem teve boa adesão dos pacientes e redução significativa no sofrimento, ensinando-os a entender e transformar essas imagens.

    Diferente dos tratamentos standard, que muitas vezes têm pouco impacto ou muitos efeitos colaterais, o iMAPS foca diretamente nas imagens mentais que alimentam a desconfiança e crenças ameaçadoras. Os primeiros resultados indicam que essa terapia pode ser um complemento poderoso para os tratamentos atuais de psicose e um novo grande estudo está em andamento.

    Fatos Importantes

    • Imagens como Fator Principal: Até 74% das pessoas com psicose têm imagens mentais intrusivas que intensificam a paranoia e alucinações.
    • Intervenção Direcionada: O iMAPS ensina os pacientes a remodelar imagens assustadoras, mudando as percepções de ameaça e impotência.
    • Teste Promissor: O maior estudo de viabilidade mostrou segurança, grande envolvimento dos pacientes e alívio significativo dos sintomas.

    Uma terapia inovadora que visa ajudar pessoas com psicose a lidar com imagens mentais perturbadoras pode transformar o tratamento da condição, que custa cerca de £12 bilhões anuais para a Inglaterra.

    Até 74% das pessoas com psicose, que pode fazer alguém ouvir vozes e ter medos infundados sobre o mal que os outros podem lhes fazer, também visualizam imagens perturbadoras. Essas imagens podem surgir devido a traumas, ansiedade ou medo do futuro.

    Uma pesquisa recente com mais de 10.000 adultos no Reino Unido mostrou que as imagens mentais estão entre os três fatores mais ligados à desconfiança e paranoia. As imagens podem ser vívidas, muitas vezes acompanhadas por vozes que não têm base na realidade.

    Tratamentos psicológicos existentes, como a Terapia Comportamental Cognitiva (TCC), têm mostrado um efeito pequeno, mas consistente, na abordagem de experiências psicóticas, como alucinações e delírios.

    Por outro lado, mesmo com a medicação antipsicótica que ajuda a aliviar alguns sintomas, cerca de 74% dos pacientes param ou trocam de remédio em até 18 meses. Isso acontece principalmente devido aos efeitos colaterais sérios ou à falta de benefícios percebidos, demonstrando a necessidade urgente de terapias mais eficazes.

    O grupo de pesquisa da Universidade de Sheffield acredita que a terapia focada em imagens pode ser uma intervenção valiosa para complementar os tratamentos disponíveis.

    O tratamento iMAPS visa atacar diretamente as imagens mentais, ajudando os pacientes a entender e mudar essas visões, trocando por imagens mais positivas. Além disso, ele trabalha crenças negativas sobre si mesmo e sobre os outros, utilizando técnicas de imagem.

    O estudo financiado pelo National Institute for Health and Care Research (NIHR) recrutou 45 pacientes com psicose que buscavam ajuda para alucinações e delírios e relataram imagens mentais angustiantes ligadas a seus sintomas.

    Este estudo de viabilidade, um dos maiores sobre terapia focada em imagens para pessoas com psicose, mostrou segurança e resultados promissores, o que levanta esperanças para um estudo clínico em vários centros que avaliem a eficácia e o custo da terapia.

    Dr. Christopher Taylor, docente da Universidade de Sheffield e psicólogo clínico, comentou sobre a experiência de alguém com psicose que acredita estar em perigo. Eles podem imaginar um intruso invadindo sua casa, intensificando o medo e a ansiedade.

    Essa imagem intrusiva pode aumentar a desconfiança e a paranoia, fazendo com que a pessoa se sinta ainda mais vulnerável. O objetivo da terapia é ajudar a compreender e ganhar controle sobre essas imagens. Quando tentamos suprimir imagens mentais angustiantes, elas muitas vezes voltam mais intensas, assim como a vontade de comer um doce depois de decidir que não queremos.

    Na terapia, começamos ajudando a pessoa a entender essas experiências, introduzindo exercícios de visualização de um “lugar seguro” para promover uma sensação de segurança. Depois, praticamos a alteração de tamanho, forma e textura da imagem para desenvolver o controle.

    Usamos também uma técnica chamada “reescrita de imagens”, um método adaptado da terapia de trauma, em que guiamos a pessoa a imaginar um novo final positivo para um evento negativo do passado, envolvendo todos os sentidos. Embora não possamos mudar o passado, podemos ajudar a pessoa a reescrever suas experiências e mudar o significado delas.

    Durante o teste, a terapia foi aplicada em 12 sessões semanais. Cada paciente tinha pelo menos uma imagem perturbadora ligada a uma alucinação ou delírio, que poderia incluir imagens puramente imaginárias, além de lembranças do passado ou preocupações futuras.

    Thom Brandwood-Spencer, de 28 anos, participante do estudo, começou a ter sintomas angustiantes na infância, aos nove anos. Inicialmente, ele sentia medo geral, pulando de um poste de luz para outro a caminho da escola para evitar esse medo abstrato.

    Aos 12 ou 13 anos, começou a ouvir vozes inquietantes e, um ano depois, passou a ver figuras sem rosto fazendo sons estranhos. Isso era muito angustiante e difícil de entender. Ele frequentemente sentia que estava em perigo, como se aquelas imagens e sons prevessem algo ruim.

    Thom foi encaminhado para serviços de saúde mental e diagnosticado com esquizofrenia paranoica. Com o apoio, a condição passou a ser mais fácil de gerenciar, mas as visões ainda o atormentavam, levando-o a abandonar a faculdade de Ciência da Computação.

    Foi nesse momento que, ao ser cuidado por uma equipe de psicose de primeiro episódio, ele se envolveu com o iMAPS. Em oito sessões, seu terapeuta o ajudou a entender e mudar a narrativa das imagens que experienciava.

    “Minha condição atrapalhava minha vida totalmente, e a medicação que estava tomando não funcionava. Um dos aspectos mais difíceis era a impotência, a ideia de que o que estava acontecendo comigo era permanente e inescapável. O iMAPS me ajudou a mudar essa narrativa”, contou.

    “Dessa forma, pude desvincular as imagens da sensação de ameaça. Entendi que a ameaça não vinha das figuras, mas sim dos meus próprios sentimentos. Essa percepção fez uma grande diferença. Usamos uma técnica para imaginar essas figuras sem rosto vestindo uma armadura, o que me fez sentir que não podiam me pegar.”

    Thom completou a graduação em Psicologia e está fazendo mestrado na área. Agora, trabalha ajudando outras pessoas com problemas de saúde mental, e já falou sobre sua experiência com o iMAPS em uma conferência internacional.

    “Além dos benefícios da terapia, pude atuar como consultor no estudo mais recente e como um defensor para ajudar outros que passam por experiências semelhantes. Agora, posso oferecer o que eu precisava no começo.”

    Um dos recados importantes de Thom é que, não importa o que você esteja passando, isso não precisa ser eterno. A mudança é possível, e há esperança.

    Dr. Taylor da Universidade de Sheffield acrescentou que estão muito animados com o retorno de pacientes como Thom, que se torna um defensor da terapia e do processo de recuperação.

    “Um estudo clínico completo é crucial para avaliar a eficácia do iMAPS, o que pode permitir seu uso ao lado de tratamentos recomendados para psicose.”

    Perguntas Frequentes:

    Q: O que é a terapia iMAPS e por que é importante?
    A: O iMAPS é uma terapia focada em imagens que ajuda os pacientes a remodelar imagens mentais assustadoras ligadas à psicose, oferecendo uma nova abordagem onde os tratamentos existentes muitas vezes falham.

    Q: Como a terapia funciona?
    A: Ela guia os pacientes a entender e alterar imagens intrusivas através de técnicas como visualização de um “lugar seguro”, modificação das características da imagem e reescrita de imagens para mudar o significado emocional de eventos passados ou imaginados.

    Q: O que o teste mostrou?
    A: No maior estudo de viabilidade até agora, o iMAPS foi considerado seguro e aceito pelos pacientes, mostrando melhorias promissoras no sofrimento ligado a alucinações e delírios, apoiando a necessidade de um estudo clínico maior.

    Sobre a pesquisa em psicose
    A terapia iMAPS: Uma nova esperança para quem enfrenta a psicose e suas consequências.

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