Neste domingo (9), os candidatos ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) participaram da primeira etapa da prova, que trouxe questões sobre temas atuais, como o padrão de beleza imposto às mulheres, saúde mental no esporte, religiosidade e discriminação. A redação exigiu dos alunos uma reflexão sobre “perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”.
A taxa de abstenção neste ano foi de 27%, um número ligeiramente superior ao de 26,6% registrado no ano passado. O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou que esse resultado indica estabilidade no comparecimento dos alunos ao exame.
As provas foram aplicadas em 1.805 municípios, distribuídas em 11.791 locais de prova e totalizando quase 165 mil salas. O gabarito das provas será disponibilizado na próxima quinta-feira (13), enquanto os resultados finais devem ser divulgados em janeiro de 2026.
No estado do Paraná, os alunos que não puderam realizar a prova em função de um ciclone que causou seis mortes terão a oportunidade de fazê-lo em 16 e 17 de dezembro. Aqueles que desejam participar da reaplicação terão um prazo, entre 17 e 21 de novembro, para solicitar a nova data.
Durante o exame, 3.240 participantes foram eliminados por motivos como uso de equipamentos eletrônicos e saída da sala antes do tempo permitido. De acordo com o Ministério da Educação, não houve ocorrências notáveis durante a prova deste ano. Além disso, o número de inscritos aumentou em 11% em relação ao Enem de 2024 e em 38% em comparação com 2022.
Professores de cursinhos observaram que a prova manteve a tendência de abordar temas sociais, especialmente sobre os direitos de minorias e grupos estigmatizados. No entanto, notaram algumas mudanças no formato do exame, como a redução na quantidade de textos e a ausência de tirinhas e charges na prova de Linguagens.
Uma das questões abordou as atrizes Paolla Oliveira e Margot Robbie em relação ao padrão de beleza, enquanto outra se concentrou na saúde mental no esporte, com uma referência à skatista Rayssa Leal.
Tatiana Paes, professora de redação, comentou que a questão do padrão de beleza está conectada ao tema da redação. Ela ressalta que ambas as atrizes tentam desafiar a norma de beleza idealizada e que essa busca por um padrão juvenil está atrelada à dificuldade que a sociedade tem em aceitar o envelhecimento.
Caroline Lucena, coordenadora de redação, também é crítica em relação à glorificação da juventude nas mídias sociais e na publicidade. Ela ressalta que, enquanto a medicina permite que as pessoas vivam mais, a desigualdade permanece, especialmente para os idosos, que enfrentam desafios como pensões baixas e pouca representação política.
Os educadores destacaram a inovação na prova de Línguas, onde um único texto foi utilizado como base para cinco questões. Esse texto tratava da perda da caligrafia na era digital, permitindo que os alunos explorassem várias dimensões de análise.
A professora Silvia Maria Brandão, especialista em linguística, mencionou que essa abordagem aponta para uma evolução pedagógica, oferecendo aos alunos a oportunidade de trabalhar mais profundamente com o texto. A prova de Ciências Humanas, por sua vez, apresentou menos questões sobre temas históricos recorrentes, como a ditadura, priorizando assuntos da Idade Moderna e da Idade Média.
Em Geografia, os educadores notaram uma ênfase em questões ambientais, que conectavam a redução das chuvas e o desmatamento na Amazônia com o transporte de poluentes entre continentes. Essa atenção à sustentabilidade está alinhada com as preocupações contemporâneas sobre o meio ambiente.
