Em Goiânia, ainda existem muitos postes de madeira suportando a rede elétrica e os fios de telefonia em diversos bairros, como Jardim América, Vila Boa e Jardim Presidente. Moradores, como o comerciante Hélio Freitas, apontam que esses postes já deveriam ter sido substituídos. Segundo ele, apesar de sua resistência, a aparência deles não condiz com a modernidade da cidade, e ele sugere que a troca por postes de concreto seria uma melhoria estética.

    Outro morador, Iedo Peixoto, também critica a manutenção desses postes, considerando que é uma prática ultrapassada para uma cidade que possui tantas belezas. Embora as impressões da população sejam geralmente negativas, especialistas afirmam que os postes de madeira não representam riscos significativos. A Equatorial, empresa responsável pela manutenção da rede elétrica, informa que apenas 5% dos postes na cidade ainda são feitos de madeira, embora não apresente um número exato de estruturas existentes.

    A concessionária explica que a maioria dos postes de madeira é feita de eucalipto tratado, um material que possui alta resistência e durabilidade. Além disso, a empresa garante que realiza inspeções frequentes para verificar as condições desses postes e que aplica um tratamento que os protege contra cupins, fungos e umidade.

    A Equatorial também tem um plano de substituição regular do que é chamado de “fim de vida útil” dos postes, que inclui tanto estruturas de madeira quanto de concreto. Essa substituição é feita de maneira planejada, baseada em critérios técnicos e financeiros, para garantir a segurança do sistema elétrico.

    O presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas de Goiás, Peterson Caparrosa, menciona que muitos desses postes de madeira foram instalados há mais de 30 anos durante a gestão estatal da Celg. Atualmente, não há instalação de novos postes de madeira, apenas substituições por modelos de concreto à medida que as estruturas antigas se desgastam.

    Caparrosa assegura que, desde que haja manutenção adequada, os riscos para a população são baixos. Ele observa que, em algumas situações, os postes de madeira podem resistir melhor a impactos de veículos do que os de concreto. A utilização de madeira deixou de ser comum principalmente por questões de padronização e ambientais, para evitar a derrubada de árvores.

    No entanto, ele também alerta sobre os problemas causados pela instalação inadequada dos cabos de telefonia e internet. Quando esses cabos são puxados ou ficam abaixo da altura mínima, podem exercer força excessiva sobre os postes, levando à sua deformação ou até rompimento.

    A urbanista Lorena Cavalcante destaca que a falta de manutenção adequada representa o maior risco, podendo levar à queda dos postes e até a acidentes fatais. Em outras regiões do país, como no Rio Grande do Sul, já houve apelos para a substituição de postes de madeira por parte de entidades técnicas.

    Ela explica que, por serem materiais orgânicos, os postes de madeira são suscetíveis a desgastes causados por insetos, sol e umidade. Com as mudanças climáticas, como ventos fortes e tempestades, essas estruturas ficam ainda mais vulneráveis. Lorena acredita que essa troca não deveria ser custeada pelos consumidores, uma vez que as concessionárias deveriam já prever verbas para essa manutenção.

    Ela defende que um trabalho conjunto entre o poder público e as empresas de energia deve ser feito para que a substituição ocorra sem custos adicionais para a população, e sugere que a substituição de postes aéreos por sistemas subterrâneos seria a solução ideal. A urbanista acredita que, embora essa mudança possa exigir um planejamento cuidadoso, ela é viável e necessária, considerando o investimento que os contribuintes já fazem através de impostos.

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