Descoberta dos Soldados Romanos em um Poço na Croácia

    Em 2011, durante escavações para a construção de uma nova biblioteca na Universidade Josip Juraj Strossmayer, em Osijek, Croácia, arqueólogos encontraram os restos mortais de sete indivíduos em um poço. A análise revelou que esses corpos pertenciam a soldados romanos que morreram de forma violenta há quase 2.000 anos, durante a Batalha de Mursa.

    A Descoberta

    Os arqueólogos estavam realizando escavações de proteção antes da construção, quando descobriram vários poços antigos. Um deles continha os corpos de sete homens, que estavam em posições diferentes e a várias profundidades. As condições de seus sepultamentos sugerem que foram jogados no poço logo após a morte, quando ainda estavam em estado de decomposição inicial.

    Além disso, a datação por radiocarbono, juntamente com uma moeda encontrada no poço, ajudou a determinar o período em que morreram. Os restos foram datados para a segunda metade do século III d.C., e a moeda era de 251 d.C.

    A Batalha de Mursa

    Os pesquisadores acreditam que esses homens foram mortos na Batalha de Mursa, ocorrida em 260 d.C. O estudo das ossadas confirmou que todos eles estavam na faixa etária de combate, com idades variando entre 18 e 50 anos. As análises mostraram também que eles haviam passado por longos períodos de atividade física, típico de um soldado.

    Mario Novak, o autor principal do estudo, destacou que as características de idade e sexo dos skeletons se alinham perfeitamente com o que se espera de soldados romanos, conforme registros históricos.

    Lesões e Causas da Morte

    As lesões nas ossadas indicam que os homens sofreram ferimentos típicos de combate. Dois deles apresentavam ferimentos na cabeça, possivelmente causados por impacto durante lutas corpo a corpo. Outro sujeito tinha um ferimento no quadril, sugerindo que foi atacado por trás. Também havia indícios de que um dos soldados foi atingido por uma flecha ou lança.

    Essas descobertas reforçam a hipótese de que eles se envolveram em um conflito violento, provavelmente durante a Batalha de Mursa, que foi uma das mais sangrentas da história militar romana.

    A Dieta dos Soldados

    Curiosamente, os pesquisadores descobriram que, apesar de virem de regiões diferentes do Império Romano, os homens apresentavam uma dieta similar, típica dos soldados da época. Isso sugere que havia uma estratégia de recrutamento que incluía pessoas de diversas partes do império, refletindo a diversidade cultural da época.

    A Crise do Século III

    A Batalha de Mursa ocorreu em um contexto mais amplo conhecido como a “Crise do Século III”. Esse período, que durou cerca de 50 anos (de 235 a 284 d.C.), foi marcado por invasões estrangeiras, conflitos civis e rebeliões internas que enfraqueceram o Império Romano.

    A Batalha de Mursa, em 260 d.C., envolveu as forças do imperador romano Gallienus e as de Ingenuus, um comandante militar que se rebelou. Acredita-se que os sete soldados tenham sido vítimas de um desses eventos violentos.

    O Fim da Crise

    A crise foi encerrada duas décadas depois, quando o imperador Diocletian dividiu o Império Romano em duas partes: o Império Ocidental e o Império Oriental (também conhecido como Império Bizantino). Essa divisão foi um marco nas mudanças significativas que ocorreram durante esses anos.

    Infelizmente, os sete soldados que morreram na Batalha de Mursa não viveram para ver essas mudanças. Eles representam apenas uma parte da vasta história romana, uma narrativa esquecida até a redescoberta de seus restos mortais após 1.700 anos.

    Conclusão

    A descoberta desses soldados romanos em um poço na Croácia oferece uma janela interessante para o passado. A combinação de evidências físicas e históricas não apenas revela a tragédia individual de cada um dos homens, mas também ilumina um período turbulento na história do Império Romano.

    Embora muitos detalhes do que realmente aconteceu durante a Batalha de Mursa ainda permaneçam envoltos em mistério, a pesquisa continua, e novos achados podem lançar mais luz sobre esse evento dramático e seu impacto sobre a história.

    A história não é apenas sobre reinos e impérios, mas sobre as vidas de indivíduos que, como esses soldados, enfrentaram conflitos e dificuldades em nome de um ideal maior. Cada descoberta arqueológica nos traz um pouco mais perto de compreender o mundo e as pessoas que viveram nele.

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