Os usuários da Unimed nas cidades do Rio de Janeiro e Duque de Caxias enfrentam mais uma mudança em seus planos de saúde. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou que cerca de 370 mil beneficiários serão transferidos para a Unimed do Brasil. Essa decisão ocorre um ano e meio após a migração inicial dos clientes da Unimed Rio para a Unimed Ferj.
A Unimed do Brasil é a gestora da marca Unimed em todo o país e, embora tenha registro como operadora de planos de saúde, não atuava anteriormente como tal. A nova transferência foi proposta durante uma reunião que durou quase quatro horas na sede da ANS, com a participação de representantes da Unimed Rio, Unimed Ferj, do Ministério Público Estadual, do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública.
A situação se agravou desde a primeira migração em 2024, que aconteceu após mais de uma década de crises financeiras na Unimed Rio. Atualmente, problemas como atraso de pagamentos a médicos e hospitais têm causado recorrentes recusas de atendimento. Os médicos cooperados, vinculados à Unimed Rio, não têm recebido os honorários nem da Ferj nem da Unimed Rio.
Neste momento, a Unimed do Brasil opera como representante institucional e ainda não está claro se assumirá diretamente a operação dos planos ou se passará essa tarefa para outra operadora que faz parte do sistema Unimed. A ANS deu um prazo de 20 dias para que a transição ocorra, garantindo que a Unimed do Brasil assegure a continuidade do atendimento aos beneficiários.
A dívida da Unimed com os médicos e hospitais é significativa, embora o montante exato não seja conhecido. A Associação de Hospitais do Estado do Rio indicou que as pendências da Unimed com as unidades de saúde ultrapassam R$ 2 bilhões. No entanto, essa questão não faz parte do acordo de transferência, segundo o diretor-presidente da ANS, Wadih Damous, que enfatizou que o foco é garantir o atendimento aos usuários.
Além das dívidas com os médicos, a Unimed Rio enfrenta obrigações financeiras com o governo, tendo firmado um acordo recente para pagar cerca de R$ 2,1 bilhões em tributos. Parte do pagamento inclui o Hospital da Unimed na Barra da Tijuca como garantia, e o acordo trouxe uma redução de 45% sobre o total devido.
Atualmente, os usuários estão vendo uma diminuição na rede de atendimento. Desde fevereiro, a Rede D’Or não aceita mais pacientes da operadora e, em setembro, vários hospitais da Rede Américas também suspenderam a cobertura. A situação está ainda mais complexa com a saída da Oncoclínicas, que atendia cerca de 12 mil pacientes oncológicos, forçando a alocação desses usuários em uma unidade própria da Unimed, onde têm surgido diversas reclamações relacionadas ao atendimento.
