Crescimento das Doenças Cardiovasculares em Jovens: Uma Preocupação Crescente
Nos últimos anos, médicos cardiologistas têm percebido um aumento no número de jovens com doenças cardíacas. Clique nos consultórios, não é incomum encontrar pacientes na faixa dos 20 e 30 anos apresentando problemas que há uma década eram raros nessa faixa etária. A cardiologista Fernanda Weiler, do Hospital Sírio-Libanês de Brasília, destaca que o perfil cardiovascular dos jovens tem se deteriorado.
Os especialistas apontam que novos hábitos de vida estão contribuindo para essa situação. A falta de atividade física e o aumento do tempo que as pessoas passam sentadas, especialmente em frente a telas, são fatores importantes. A médica explica que esse sedentarismo acentua a inflamação e dificulta a circulação, elevando assim o risco de problemas cardiovasculares.
Além disso, a pouca prática de exercícios está ligada ao aumento do consumo de alimentos ultraprocessados, que têm alto teor de gordura, açúcar e sódio. Esse padrão alimentar contribui para o sobrepeso e a obesidade, que são fatores de risco para hipertensão e colesterol alto, podendo levar a um infarto.
Outros hábitos que preocupam os cardiologistas incluem o uso de cigarros eletrônicos, jornadas de trabalho estressantes e a normalização do uso de substâncias estimulantes. Esses fatores combinados estão afetando a saúde do coração dos jovens. Fernanda também menciona a importância do sono de qualidade. Dormir bem é fundamental para a saúde cardiovascular; se uma pessoa acorda se sentindo cansada, é preciso investigar as causas.
Outro assunto relevante é a concepção de saúde que muitos jovens têm, que frequentemente se baseia em um corpo magro ou excessivamente musculoso. Essa visão pode levar ao uso indiscriminado de suplementos e substâncias como anabolizantes, o que é prejudicial ao coração. Agnaldo Piscopo, cardiologista e diretor da Sociedade de Cardiologia de São Paulo, ressalta que as redes sociais intensificam a busca por um corpo ideal, mas esquecem que o coração, sendo um músculo, também pode ser afetado por essas substâncias.
Um problema adicional é a falta de acompanhamento médico adequado entre os jovens, o que pode dificultar diagnósticos e atrasar tratamentos que evitariam complicações graves, como infarto ou acidente vascular cerebral (AVC). Um levantamento recente mostrou que as internações por infarto em pessoas abaixo dos 40 anos aumentaram consideravelmente, passando de 1,7 caso por 100 mil habitantes em 2000 para quase 5 em 2022.
É importante que jovens com histórico familiar de problemas cardíacos façam consultas regulares a médicos. Se um parente de primeiro grau, como pai ou mãe, teve um infarto antes dos 40 anos, o aconselhável é iniciar o acompanhamento médico o quanto antes. Fatores de risco como tabagismo, sobrepeso e pressão alta devem ser avaliados por um especialista.
Recentemente, novas diretrizes medicas destacaram que uma pressão arterial de 120 por 80 já pode ser considerada pré-hipertensão, o que pode ajudar a prevenir futuros casos dessa condição.
Os médicos também enfatizam a necessidade de manter as vacinas em dia, como contra gripe e covid-19. Isso é importante porque infecções virais podem desencadear processos inflamatórios que afetam a saúde cardiovascular dos jovens.
Portanto, é fundamental que os jovens adotem hábitos saudáveis, como ter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios regularmente e conseguir um sono de qualidade. Essas medidas são essenciais para reduzir os riscos de problemas cardíacos e garantir uma vida mais saudável.
