A operadora de saúde Hapvida, que possui ações negociadas sob o código HAPV3, divulgou seus resultados financeiros referentes ao terceiro trimestre de 2023, e o desempenho não agradou o mercado. A empresa registrou um lucro líquido de aproximadamente R$ 338 milhões nesse período.
A situação da dívida líquida também chamou a atenção. O montante alcançou R$ 4,25 bilhões, um aumento de 3,7% em relação ao ano anterior. Isso fez com que a alavancagem, que mede a relação entre a dívida e o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda), se mantivesse em 1 vez, ligeiramente superior ao resultado do mesmo período do ano passado.
Um dos indicadores críticos foi a sinistralidade, que chegou a 75,2%. Isso representa um aumento de 1,3 ponto percentual em comparação ao trimestre anterior e está ligado à maior utilização dos serviços, além da inauguração de novas unidades de atendimento.
Em relação ao Ebitda ajustado recorrente, a Hapvida apresentou um valor de R$ 613 milhões, excluindo R$ 133 milhões relacionados a eventos não recorrentes. Essa cifra representa uma queda de 20% em relação ao trimestre anterior e 27% abaixo das expectativas do mercado. As margens de Ebitda ajustadas também ficaram em níveis abaixo do que se esperava, com uma margem de 7,9%, bem abaixo da expectativa de 10,7%. Essa deterioração foi impactada por custos fixos mais elevados e um aumento na frequência de atendimentos.
A Companhia também enfrentou um fluxo de caixa livre negativo de R$ 234 milhões. Outra preocupação é que a adição líquida de beneficiários foi negativa em São Paulo, onde perdeu aproximadamente 24 mil clientes. Em contrapartida, o resultado consolidado apresentou um crescimento de 13 mil beneficiários, indicando um mercado competitivo desafiador.
Além desse panorama, a receita líquida da empresa subiu 6% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 7,78 bilhões, embora tenha ficado 1% abaixo do esperado. Mesmo com essa alta na receita, o Ebitda ajustado caiu 20% em relação ao ano anterior. Destaca-se que o resultado financeiro foi pressionado por um impacto negativo de R$ 13 milhões de um acordo feito com a Agência Nacional de Saúde (ANS), que culminou em um aumento de 36% nas despesas financeiras.
O lucro líquido ajustado foi de R$ 204 milhões, representando uma queda de 34% em comparação ao que era esperado, enquanto o resultado contábil demonstrou um prejuízo de R$ 57 milhões. Adicionalmente, o crescimento líquido de beneficiários foi de apenas 13 mil vidas, bem abaixo da projeção de 44 mil.
O fluxo de caixa livre pós-capex também apresentou um resultado negativo, sinalizando um cenário financeiro desfavorável para a Hapvida, que enfrentou uma taxa de cancelamento elevada e dificuldades nas adições de clientes. Com isso, instituições financeiras, como o BTG Pactual e o JPMorgan, reduziram suas projeções para os próximos anos, revisando o preço-alvo das ações da empresa e expressando sua preocupação com a performance futura.
Neste contexto, a Hapvida continua investindo na melhoria de sua qualidade de atendimento, mesmo que os efeitos dessas ações não sejam percebidos no curto prazo. A competição acirrada, principalmente com a Amil em São Paulo, impõe desafios adicionais ao crescimento e à recuperação da empresa. A expectativa é de que a lucratividade melhore com o aumento dos volumes atendidos e do tíquete médio no final do ano, mas a trajetória de recuperação da margem Ebitda se mostra lenta.
