Florianópolis: Documentário sobre Cotas para a População Indígena e Quilombola é Destaque em Festival

    O documentário “Aprender a Sonhar”, dirigido por Vítor Rocha, é o único representante brasileiro na mostra de longas-metragens do festival de cinema FAM. O filme aborda a política de cotas no Brasil e seus impactos, focando em histórias de sucesso entre as populações indígena e quilombola.

    Ao invés de apresentar uma análise teórica sobre o tema, o documentário se concentra em casos reais que demonstram os efeitos positivos das cotas. O foco está nas experiências de estudantes que, ao ingressar nas universidades, não apenas têm acesso ao conhecimento convencional, mas também trazem consigo saberes ancestrais, criando um espaço para a troca entre o conhecimento tradicional e o acadêmico.

    Essa intersecção de saberes é uma temática que poderia ter sido mais explorada no filme, pois representa um importante aspecto do debate sobre a educação decolonial. O documentário poderia ter incluído exemplos de como essa troca de conhecimentos vem ocorrendo, enriquecendo ainda mais a narrativa.

    Ainda assim, o filme apresenta momentos emocionantes, como a história de uma jovem que se forma em medicina na Universidade da Bahia. A cena em que ela visita a icônica Sala dos Lentes, repleta de retratos de professores homens brancos, simboliza uma ruptura em um ambiente até então dominado por elites. Essa imagem poderosa reflete a transformação social e tem um forte impacto visual.

    Entretanto, algumas sequências, como as festas da comunidade pataxó Aragwaksã, acabam se tornando repetitivas e não contribuem significativamente para a narrativa central do documentário. Apesar da beleza dessas cenas, elas podem desviar a atenção do público.

    O diretor do filme, que registrou as mudanças sociais e políticas do país entre 2016 e 2023, menciona que a produção enfrentou desafios em sua montagem devido à grande quantidade de material coletada ao longo dos anos. Isso pode ter dificultado um foco mais claro nas histórias e temas principais.

    Embora o documentário não consiga abranger todos os aspectos complexos do debate sobre cotas em seu curto tempo de duração, ele oferece uma visão relevante sobre as experiências de estudantes indígenas e quilombolas e suas conquistas no ambiente acadêmico. A obra chama a atenção para a importância da inclusão e da diversidade no acesso à educação no país.

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