O Ministério da Saúde está se mobilizando para enfrentar a divulgação de informações antivacina por médicos nas redes sociais, especialmente aqueles que lucram com cursos e consultas sem respaldo científico. As ações foram anunciadas pelo ministro Alexandre Padilha e incluem medidas legais, como representações criminais e ações cíveis em parceria com a Advocacia-Geral da União (AGU).
Na manhã desta segunda-feira, 16 de novembro, Padilha comentou sobre a necessidade de agir contra a propagação da chamada “síndrome pós-spike”, associada por esses profissionais às vacinas de mRNA utilizadas durante a pandemia de Covid-19. O governo federal argumenta que essas práticas ferem o direito à saúde ao disseminar desinformação, podendo resultar em indenizações coletivas para proteger a população.
As medidas começam com uma representação ao Conselho Regional de Medicina e a abertura de uma ação civil pública. Além disso, o ministro confirmou a inclusão de ações penais contra a venda de tratamentos considerados fraudulentos.
A AGU está considerando notificar plataformas digitais para remover conteúdos que promovam cursos e informações sem base científica a respeito de vacinas e saúde. Há registros de médicos com mais de 1,6 milhão de seguidores reclamando de efeitos adversos causados pelos imunizantes de mRNA e oferecendo tratamentos alternativos sem comprovação científica. Os cursos promovidos por esses profissionais podem custar até R$ 685, e as consultas chegam a R$ 3,2 mil.
Um dos estudos controversos, apresentado por médicos como o imunologista Roberto Zeballos e o infectologista Francisco Cardoso, sugeria que a proteína spike das vacinas poderia provocar efeitos semelhantes aos da Covid longa. Essa pesquisa, publicada na revista IDCases em junho, foi posteriormente contestada e retirada, mas as recomendações dos autores continuam a circular nas redes sociais.
Além do combate à desinformação, o Ministério da Saúde tem investido R$ 150 milhões em pesquisa e produção de vacinas de mRNA na Fiocruz, no Rio de Janeiro, e no Instituto Butantan, em São Paulo. Essa iniciativa é vista como essencial para que o país possa reagir rapidamente a novas variações de vírus respiratórios e futuras pandemias. Também foram destinados R$ 60 milhões para atrair pesquisadores estrangeiros, especialmente após a interrupção de contratos na área nos Estados Unidos durante a presidência de Donald Trump.
Essas ações foram discutidas durante a COP30, realizada em Belém, onde se abordou o impacto do negacionismo em questões climáticas e de saúde pública. O ministro Padilha destacou o objetivo do governo de combater a desinformação e fortalecer a proteção de grupos vulneráveis, integrando essas medidas no Plano de Ação Belém de Adaptação dos Sistemas de Saúde às mudanças climáticas.
