Crosslinking Corneano: Entenda Como Funciona e Quais Seus Riscos
O crosslinking corneano é um procedimento oftalmológico que tem como objetivo fortalecer a córnea, especialmente em casos de ceratocone. Este método usa uma combinação de riboflavina, uma vitamina do complexo B, e luz ultravioleta-A. Ele atua aumentando as ligações entre as fibras de colágeno na córnea, tornando-a mais resistente.
Nos últimos anos, essa técnica se estabeleceu como uma solução importante na oftalmologia, principalmente para o ceratocone avançado, degenerações corneanas e ectasias decorrentes de cirurgias refrativas. Neste artigo, você vai descobrir como o crosslinking funciona, seus benefícios, indicações, contraindicações e riscos associados.
Como Funciona o Crosslinking Corneano?
O crosslinking corneano é uma técnica não invasiva. O processo começa com a aplicação de um colírio de riboflavina na córnea, seguido da exposição à luz ultravioleta-A. Essa combinação provoca reações químicas que aumentam as ligações entre as fibras de colágeno, fortalecendo a córnea.
Para Que Serve o Crosslinking?
As principais indicações do crosslinking incluem:
- Ceratocone progressivo (indicação primária).
- Ectasia pós-LASIK.
- Degenerações periféricas da córnea.
- Ceratoglobo e outras doenças ectásicas.
Objetivos do Procedimento
O principal intuito do crosslinking é:
- Estabilizar o afinamento da córnea.
- Prevenir a perda de visão progressiva.
- Evitar a necessidade de um transplante de córnea.
Como é Realizado na Prática
Existem dois protocolos principais que são utilizados globalmente: o crosslinking convencional e o acelerado.
1. Crosslinking Convencional (Protocolo Dresden)
- Duração da Luz UVA: 30 minutos.
- Remoção do epitélio: Sim, técnica epithelium-off.
- Irradiação: 3 mW/cm² por 30 minutos.
- Penetração da riboflavina: Aumentada com epitélio removido.
2. Crosslinking Acelerado
- Duração da Luz UVA: Aprovado para 5 a 10 minutos.
- Remoção do epitélio: Pode ser epithelium-off ou transepitelial.
- Irradiação: 9 a 30 mW/cm², dependendo do tempo.
- Conforto ao paciente: Utiliza tecnologias mais modernas.
Passo a Passo do Procedimento
- O paciente recebe anestesia com colírios.
- O epitélio pode ser removido (ou não, dependendo da técnica).
- Riboflavina é aplicada por 20 a 30 minutos.
- A córnea é irradiada com luz UVA.
- Uma lente de contato terapêutica é colocada.
- O acompanhamento pós-operatório é rigoroso.
Quando o Crosslinking é Necessário?
O procedimento é indicado quando há sinais de progressão do ceratocone. Essa decisão é baseada em exames como topografia, tomografia e análises de espessura corneana.
Critérios de Progressão
Os principais sinais que indicam a necessidade do tratamento incluem:
- Aumento do astigmatismo irregular.
- Aumento da curvatura máxima (mais de 1D em 6 a 12 meses).
- Redução da espessura corneana mínima.
- Piora da acuidade visual que não melhora com óculos.
Faixa Etária Ideal para o Procedimento
O crosslinking é mais eficaz em jovens entre 15 e 35 anos. Também é possível tratar crianças com ceratocone progressivo, usando critérios médicos adequados.
Como o Paciente deve Se Preparar para o Crosslinking?
Cuidados Pré-Operatórios
- Suspenda o uso de lentes de contato de 7 a 10 dias antes.
- Realize exames de topografia, paquimetria e acuidade visual.
- Avalie a presença de alergias oculares e condições inflamatórias.
Cuidados Pós-Operatórios
- Use colírios antibióticos e anti-inflamatórios conforme orientação médica.
- Use lente de contato terapêutica por 4 a 7 dias.
- Evite coçar os olhos e exposição intensa à luz.
- Retorne para revisões em 24h, 7 dias, 1 mês, 3 e 6 meses.
Riscos do Crosslinking Corneano
Embora seja um procedimento seguro, alguns riscos existem, como:
- Dor e Desconforto: Mais comum na técnica epithelium-off, pode durar até 3 dias após a cirurgia.
- Infecção Corneana: Rara, mas pode ocorrer se os cuidados não forem seguidos.
- Nebulose Corneana: Opacidade temporária na córnea durante a cicatrização.
- Perda de Acuidade Visual: Raramente, menos de 3% dos casos, geralmente associada a complicações.
- Complicações Raras: Como edema corneano crônico e inflamação dentro do olho.
Inovações Recentes no Crosslinking
- Crosslinking Personalizado: Direciona energia de luz UVA para áreas mais fracas da córnea, melhorando a precisão.
- Uso de Riboflavina de Alta Penetração: Reduz riscos ao permitir a penetração sem remoção do epitélio.
- Dispositivos Automatizados: Equipamentos que monitoram a entrega de luz e riboflavina em tempo real.
Resultados Esperados com o Tratamento
A Curto Prazo
- Redução da progressão do ceratocone.
- Pequena melhora na acuidade visual.
- Recuperação gradual da visão em até 30 dias.
A Longo Prazo
- Estabilização da córnea em mais de 90% dos casos.
- Redução da necessidade de transplante de córnea.
- Melhoria significativa na qualidade de vida visual.
Mitos Comuns Sobre o Crosslinking
-
Mito: É um tratamento estético.
Fato: É um procedimento funcional que busca preservar a visão. -
Mito: Serve para todos os graus de ceratocone.
Fato: Não é indicado para córneas muito finas (menos de 400 µm). -
Mito: Pode ser repetido várias vezes.
Fato: O crosslinking geralmente é feito uma única vez por olho.
Considerações Finais
O crosslinking corneano é o único tratamento comprovado que impede a evolução do ceratocone e outras ectasias. Quando aplicado corretamente, é uma alternativa segura e eficaz para evitar cirurgias mais complexas, como o transplante de córnea. É vital que os pacientes estejam bem informados sobre os riscos e sigam as orientações médicas para um acompanhamento adequado.
