Resenha de “A Jornada de Hiero”
Recentemente, encontrei um exemplar usado do livro “A Jornada de Hiero”, escrito por Sterling E. Lanier, em uma venda de livros na biblioteca pública. O livro estava em má condição, mas reconheci o título, que já vi mencionado em uma lista importante sobre jogos de RPG. Isso despertou a minha curiosidade, e decidi comprá-lo.
Hiero é escrito em um estilo de aventura episódica, semelhante ao que vemos em jogos de fantasia de mesa. No entanto, essa narrativa não se encaixa no gênero clássico de espada e feitiçaria. A história se passa em um futuro distante, após uma grande catástrofe, similar ao cenário do jogo “Gamma World”. A apocalipse é chamada de “A Morte”, e envolveu guerras nucleares e biológicas.
O enredo mostra muitas lutas físicas, mas a história também destaca poderes psíquicos e conflitos relacionados. Há telepatia, adivinhação e formas de controle mental que são usados tanto pelos protagonistas quanto contra eles. Essa combinação de elementos torna a narrativa interessante e complexa.
Neste futuro imaginário, há uma diversidade impressionante de fauna e flora, algumas delas com habilidades psíquicas próprias. Os heróis incluem um alce domesticado, denominado “morse”, que possui inteligência acima da média, e um urso que fala, embora a comunicação se dê por telepatia.
Hiero, o protagonista, é um “Sacerdote-Exorcista Secundário, Explorador Primário e Caçador Sênior”. Sua missão é encontrar um famoso “computador” em uma cidade destruída além do Mar Interior, que corresponde aos antigos Grandes Lagos da América do Norte. Hiero e os outros membros da sua abadia, localizada na Confederação Metz, têm ancestralidade de Primeiras Nações. Sua parceira de aventura, Luchare, é uma princesa negra do sudeste, proveniente de Dalwah.
Curiosamente, os únicos personagens descritos como homens brancos na história são os vilões, que pertencem à Irmandade Sombria, caracterizados como selvagens e tecnomágicos. A narrativa não apresenta racismo ideológico, exceto em relação às raças sub-humanas mutantes, conhecidas como os “Impuros”.
O tom da narrativa frequentemente parece excessivamente familiar com os detalhes que um leitor do século XX poderia conhecer. Para quem se interessa, há um glossário complementar ao final do livro, embora muitos considerem essas informações desnecessárias.
O ritmo do livro se intensifica no final, levando a um desfecho satisfatório. Isso ocorre mesmo tendo o autor escrito algumas continuações depois. Em resumo, “A Jornada de Hiero” é uma obra rica em detalhes e inovações, utilizando elementos tradicionais de ficção científica e fantasia de uma forma criativa.
Vale a pena ler essa obra para quem aprecia histórias que exploram mundos imaginários, poderes psíquicos e personagens diversos, além de convidar o leitor a refletir sobre temas de diversidade e sobrevivência em cenários extremos. A habilidade do autor em misturar aventura, intriga e um futuro pós-apocalíptico cria uma experiência de leitura envolvente e única.
