Entre 30% e 40% dos profissionais da saúde no país relatam sintomas severos de depressão, ansiedade e síndrome de burnout. Essa informação foi apresentada em um seminário promovido pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) e gera preocupação entre especialistas e autoridades da área.
Além disso, mais de 70% desses trabalhadores enfrentam altos níveis de estresse ocupacional e exaustão emocional. As principais causas incluem longas jornadas de trabalho, a ausência de apoio institucional e diferentes formas de agressão. O grupo analisado é composto por enfermeiros, médicos, agentes comunitários, psicólogos, farmacêuticos, técnicos e gestores.
O evento teve como foco ampliar o debate sobre saúde mental no setor, além de discutir a criação de políticas para proteção e valorização desses profissionais. O deputado Neodi Saretta, presidente da Comissão de Saúde, enfatizou que a saúde mental dos trabalhadores impacta diretamente na qualidade dos serviços de saúde disponíveis para a população. Ele ressaltou a importância de promover ambientes de trabalho saudáveis e seguros, bem como de garantir apoio psicológico contínuo, dimensionamento adequado das equipes e políticas públicas eficazes.
Em Santa Catarina, há cerca de 24 mil médicos, de acordo com dados de 2024 do Conselho Federal de Medicina. É importante frisar que a pesquisa incluiu não apenas médicos, mas também outros profissionais da saúde.
A deputada Ana Paula Lima, que é enfermeira, destacou a síndrome de burnout, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional. Segundo ela, esse problema se intensificou desde 2022 e serve como um alerta sobre a sobrecarga de trabalho, a falta de profissionais, as jornadas extenuantes e a pressão por produtividade.
O seminário contou com a participação de representantes de várias entidades da saúde. Janaína Henrique, do Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina, mencionou que o estado ocupa o quarto lugar no Brasil em afastamentos do trabalho por questões de saúde. Ela reafirmou o compromisso do conselho em desenvolver estratégias de apoio à saúde mental dos trabalhadores, melhorar a formação de gestores e sensibilizar a população.
Jussara Guiartini, presidente da Associação Brasileira de Enfermagem de Santa Catarina, destacou que a enfermagem é a força de trabalho mais numerosa na saúde e que a violência contra esses profissionais é crescente. Ela elogiou as discussões que vêm sendo feitas em congressos e na prática diária, enfatizando a necessidade de ações para diminuir índices alarmantes de violência.
Roberto Eduardo Schneider, da Superintendência do Ministério da Saúde em Santa Catarina, reconheceu a gravidade do problema. Ele pediu que a discussão sobre saúde mental seja abordada de maneira integrada, com a presença de todas as autoridades, e destacou a disposição do ministério em colaborar na melhoria das políticas de saúde no país.
