Lucro das Operadoras de Planos de Saúde Cresce 140% em 2025
As operadoras de planos de saúde no país alcançaram um lucro operacional de R$ 9,3 bilhões entre janeiro e setembro de 2025. Esse resultado representa um aumento de quase 140% em comparação ao mesmo período de 2024, sendo o maior lucro registrado nos últimos cinco anos.
Durante o mesmo intervalo, a sinistralidade — que indica o percentual do valor recebido com as mensalidades que foi gasto pelos usuários nos serviços do plano — caiu para 80,8%. Essa taxa foi de 88,6% em 2022, refletindo a alta demanda por serviços de saúde após a pandemia. A redução de sinistralidade é um indicativo positivo para o mercado, pois pode resultar em reajustes menores nos preços dos planos em 2026.
Ao analisar especialmente as operadoras de grande porte, a queda na sinistralidade é ainda mais perceptível: a diferença em relação ao ano anterior é de 2,6 pontos percentuais. Isso sugere que os reajustes dos planos de saúde coletivos podem ser reduzidos, possivelmente limitando-se a um único dígito no aumento. Vinicius Figueiredo, analista do Itaú BBA, acredita que a correção dos planos empresariais pode seguir essa tendência e ficar na casa de um dígito.
Nas pequenas e médias empresas, os contratos seguem um grupo de risco, onde todos compartilham o mesmo percentual de reajuste. Embora não seja possível afirmar ainda se o aumento será também de um dígito para esse tipo de plano, Figueiredo ressalta que o crescimento do tíquete médio deverá ser inferior ao visto em 2024.
Lucro Líquido de R$ 17,9 bilhões
Os dados sobre o desempenho das operadoras foram divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). As três maiores operadoras — Bradesco, SulAmérica e Hapvida — foram responsáveis por 43% do lucro operacional total das operadoras.
O lucro operacional é a diferença entre as receitas de mensalidades e as despesas assistenciais e administrativas, sendo um indicador mais preciso da performance das empresas. Já o lucro líquido, que alcançou R$ 17,9 bilhões, é influenciado por ganhos financeiros e reservas técnicas acumuladas pelas operadoras.
Nos primeiros nove meses de 2025, as operadoras reportaram R$ 11,1 bilhões em lucros provenientes de suas aplicações financeiras, o maior valor desde 2018 e 60% superior ao registrado no ano anterior. Esse resultado líquido supera o recorde anterior de R$ 15,9 bilhões, alcançado em 2020 durante a pandemia.
Entretanto, essa recuperação do setor não é uniforme. Há cerca de 7,2 milhões de usuários vinculados a operadoras que enfrentam dificuldades financeiras. Um total de 49 operadoras está em programas de adequação econômico-financeira, 26 estão sob direção fiscal e 41 estão em processo de cancelamento. A ANS reconhece a necessidade de monitorar mais de perto essas empresas para evitar problemas assistenciais.
Desafios para o Setor
A recuperação é considerada forte, mas a performance do mercado ainda está muito heterogênea. Jorge Aquino, diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS, destacou essa disparidade durante a apresentação dos dados.
Gustavo Ribeiro, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), enfatizou que, enquanto algumas operadoras estão se recuperando, um significativo número de pequenas e médias enfrenta sérios desafios econômicos e financeiros. Ele ressaltou a importância dessas operadoras para a diversidade e cobertura do setor, e alertou para a necessidade de um ambiente regulatório que favoreça a estabilidade e previsibilidade, permitindo que empresas de todos os tamanhos expandam suas bases de beneficiários.
A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) também comentou que os resultados obtidos estão conectados ao cenário econômico mais amplo, ressaltando a influência da taxa de juros elevada. Além disso, as operadoras ainda lidam com pressões crescentes por aumento de custos, incorporando novas tecnologias e respondendo ao envelhecimento da população, que também leva a um maior uso dos serviços.
Esses fatores continuam a impactar a estrutura de custos das operadoras e reivindicam a necessidade de um ambiente regulatório que seja estável, baseado em evidências e que favoreça o diálogo técnico entre as partes envolvidas.
