As operadoras de planos de saúde médico-hospitalares apresentaram um lucro líquido de R$ 4,8 bilhões no terceiro trimestre de 2025, segundo dados recentes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Esse valor representa o maior resultado já registrado para o período de julho a setembro, desde que a ANS começou a compilar essas informações em 2018. A cifra também indica um crescimento de 64,4% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, quando o lucro foi de R$ 2,9 bilhões.
O lucro líquido é composto pela soma dos resultados operacionais, financeiros e patrimoniais das operadoras, descontados impostos e participações. No que diz respeito ao resultado operacional — que representa a diferença entre as receitas geradas por mensalidades e as despesas relativas a serviços de saúde —, as operadoras alcançaram R$ 2 bilhões, o maior montante desde 2020, um ano marcado pela pandemia.
No terceiro trimestre de 2025, o resultado financeiro das operadoras foi de R$ 4,2 bilhões, beneficiado pelo cenário de juros altos. Esse valor também é o mais elevado registrado para o período, refletindo ganhos com aplicações financeiras.
Embora os dados mostrem um momento favorável para as operadoras, a ANS destaca a necessidade de cautela. Cerca de 7,5 milhões de beneficiários estão vinculados a operadoras que enfrentam dificuldades financeiras, como regimes de acompanhamento econômico e fiscal, e até cancelamentos de registro.
No acumulado de 2025, o lucro líquido dos planos médico-hospitalares somou R$ 17,2 bilhões, superando a marca de R$ 15 bilhões registrada nos primeiros nove meses de 2020. O lucro operacional também se destacou, totalizando R$ 8,3 bilhões, uma cifra muito maior do que os R$ 3 bilhões do mesmo período em 2024, embora ainda abaixo do recorde de R$ 17,5 bilhões de 2020. O lucro financeiro acumulado chegou a R$ 11 bilhões, consolidando-se como o maior desde o início da série em 2018.
O setor de planos de saúde tem enfrentado críticas de consumidores, com reclamações variando de cancelamentos de contratos a aumentos nas mensalidades. As operadoras, por sua vez, argumentam que os custos dos serviços têm aumentado, em parte, devido à adoção de novas tecnologias e ao envelhecimento da população, que aumenta a demanda por atendimentos médicos.
O novo diretor-presidente da ANS, Wadih Damous, expressou interesse em compreender a discrepância entre os lucros do setor e as reclamações frequentes, afirmando que, apesar de lucrativo, o setor também enfrenta desafios. Ele sugeriu a necessidade de uma regulação que atenda tanto à saúde financeira das empresas quanto às necessidades dos consumidores.
Além disso, ao considerar os segmentos de planos médico-hospitalares e odontológicos, bem como as empresas administradoras de benefícios, o lucro totalizou R$ 5 bilhões no terceiro trimestre e R$ 17,9 bilhões no acumulado do ano até setembro de 2025. Esses valores também representam os maiores registros da série histórica.
As receitas totais do setor foram de R$ 287,3 bilhões, o que resulta em um lucro líquido de cerca de 6,2% do total, ou seja, para cada R$ 100 em receitas, R$ 6,20 foram gerados como lucro. É importante notar que as administradoras de benefícios funcionam como intermediárias entre as operadoras de planos de saúde e os contratantes dos serviços.
