Neste domingo, 14 de outubro, o ex-deputado José Antonio Kast, do Partido Republicano, foi eleito presidente do Chile, derrotando a candidata governista Jeannette Jara. Sua vitória, já prevista nas pesquisas, confirma uma mudança significativa na política chilena. Kast assumirá a presidência a partir do próximo ano.
Com 99% dos votos apurados, Kast recebeu 58,1% dos votos válidos. Jara, que representa o Partido Comunista, obteve 41,8%. A participação eleitoral foi alta, alcançando 85%, refletindo uma mobilização significativa do eleitorado.
Kast, identificado como o presidente mais à direita do Chile desde a ditadura de Augusto Pinochet, foi candidato pela terceira vez. Durante sua campanha, ele fez promessas intensas sobre o controle da imigração e a segurança pública. A questão da imigração irregular, especialmente em relação a imigrantes da Venezuela, foi central em sua estratégia. Ele sugeriu medidas severas, como expulsões em massa de imigrantes e restrições ao acesso a serviços básicos para aqueles que estiverem no país de forma irregular.
Apesar de seu histórico de posições radicais, Kast moderou seu discurso em comparação com campanhas anteriores, evitando discussões sobre direitos humanos e questões como o casamento igualitário. Seu foco foi em criar um “governo de emergência” voltado para o combate à criminalidade, responsabilizando a administração anterior de Gabriel Boric, com a qual Jara estava associada.
A eleição de Kast marca um ponto de inflexão após os protestos de 2019, que levaram à escolha de Boric há quatro anos e tentativas de uma nova Constituição. Kast, um advogado ultracatólico e ex-congressista, evita uma abordagem direta sobre sua admiração por Pinochet; seu foco foi a crise de segurança no Chile, embora as taxas de homicídio sejam baixas em comparação com outros países da região.
Durante seu discurso de vitória, Kast declarou que a eleição é um dia de alegria para todos os chilenos, afirmando que sua vitória representa o Chile que trabalha arduamente e busca tranquilidade. Ele também agradeceu à sua família e a candidatos derrotados no primeiro turno, pedindo união e responsabilidade para enfrentar os desafios.
Jara, após reconhecer a derrota, parabenizou Kast e disse estar disposta a continuar lutando por segurança e oportunidades no Chile. O atual presidente, Gabriel Boric, também parabenizou Kast e expressou disposição para colaborar com o novo governo.
Kast votou em Paine e se comprometeu a garantir que suas decisões beneficiem todos os chilenos, independentemente das diferenças políticas. Jara votou em Conchalí, celebrando a vitória de reformas importantes durante seu mandato.
O dia da eleição foi marcado por um clima frio e chuviscos em várias regiões, mas a votação aconteceu de forma tranquila. Kast fez referências a outros líderes, como Donald Trump e o argentino Javier Milei, expressando interesse em manter boas relações com países vizinhos.
Kast agora enfrenta o desafio de governar um Legislativo com uma direita em ascensão, mas que não tem maioria, um fato que poderá dificultar a implementação de suas políticas. O bloco de direita ficou a duas cadeiras da maioria na Câmara dos Deputados e igualou-se à centro-esquerda no Senado, indicando um cenário político complexo para os próximos anos.
