Nos últimos anos, milhões de africanos têm usado dinheiro móvel para suas transações diárias, como pagar contas, comprar créditos de celular e enviar dinheiro. Porém, quando chega a hora de comprar online ou pagar serviços internacionais, esses usuários encontram dificuldades. Muitos sites de e-commerce não aceitam dinheiro móvel e é preciso ter um cartão para realizar essas transações. Se você não tem conta bancária, fica de fora.
Essa situação está prestes a mudar. No dia 12 de dezembro, a Orange Money e a Visa anunciaram uma parceria que vai oferecer cartões virtuais Visa para 45 milhões de usuários da Orange Money na África e no Oriente Médio. O processo é bem simples: acesse o app Max it, crie um cartão virtual em segundos, carregue-o com dinheiro da sua carteira móvel e compre em qualquer lugar onde a Visa é aceita. E não precisa de conta bancária.
Essa colaboração já não é novidade, pois está funcionando bem em países como Botswana, Madagascar e Jordânia, onde foi renovada recentemente. Na Costa do Marfim, a Orange Money lançou o cartão virtual e a aceitação foi ótima, demonstrando que o modelo é eficaz. Agora, o projeto se expande para Guiné, Burkina Faso e República Democrática do Congo, e mais países devem seguir.
Thierry Millet, CEO do Orange Money Group, destacou que agora os usuários podem “criar seu cartão virtual Visa em poucos segundos e fazer pagamentos internacionais online através da rede Visa.” Cartões físicos também estarão disponíveis em breve, por meio de agentes autorizados da Orange Money.
Atualmente, a África representa 74% de todas as transações de dinheiro móvel no mundo. Existem mais de 1,1 bilhão de contas ativas que movimentaram US$ 1,1 trilhão em transações em 2024. É um ecossistema enorme que até agora estava principalmente fora do e-commerce global. Colaborações como essa ajudam a unir essas pontas.
De acordo com um relatório, apenas 48% da população adulta na África possui conta bancária. O dinheiro móvel preencheu essa lacuna, aumentando sua penetração de 22% em 2021 para 37% em 2024 na África Subsaariana. Agora, com a rede de aceitação global da Visa, muitos usuários poderão finalmente participar da economia digital sem precisar de um banco tradicional.
Ismahill Diaby, vice-presidente da Visa para a África Ocidental e Central Francófona e Lusófona, afirmou que essa parceria oferece “uma maneira simples e segura para que mais pessoas e pequenos negócios façam pagamentos online, ajudando-os a participar do comércio cotidiano com confiança.”
Contudo, a Orange Money não está focada apenas na parceria com a Visa. A empresa já havia feito um acordo com a Mastercard em outubro de 2024 para lançar cartões virtuais e físicos semelhantes em sete países, incluindo Camarões, Mali e Senegal. O objetivo era empoderar milhões de usuários da Orange Money por meio da rede Mastercard. Agora, com a Visa, a Orange está ampliando seu alcance e dando novas opções aos usuários.
O momento é importante. Espera-se que, até 2025, haja mais de 500 milhões de usuários de e-commerce na África, com uma penetração de 40%. A demanda já está aí; o que falta é a infraestrutura para apoiar essa demanda. A Orange, com presença em 17 países e 173 milhões de clientes, sendo mais de 100 milhões usuários do Orange Money em novembro de 2025, está bem posicionada para aproveitar esse crescimento.
O dinheiro móvel começou como uma solução para a fragilidade da infraestrutura bancária. Com o tempo, evoluiu para incluir opções de poupança, crédito, pagamentos de contas e agora comércio online global. O que começou com transferências entre pessoas se tornou a espinha dorsal da economia digital africana. Parcerias como a da Orange Money com a Visa estão acelerando essa mudança, transformando carteiras móveis em ferramentas financeiras completas que funcionam em qualquer lugar do mundo.
Para os 45 milhões de clientes ativos do Orange Money, isso significa acesso real para fazer compras online, pagar por serviços internacionais, assinar plataformas globais e participar plenamente da economia digital, tudo pelo celular e sem precisar ir a um banco.
