O mercado de petróleo enfrenta um cenário de alta oferta e baixa demanda, influenciado pelas negociações entre Ucrânia e Rússia. Apesar disso, a Rússia não mostra sinais de recuar em suas pretensões territoriais.

    Recentemente, os preços do petróleo caíram para o menor nível em quatro anos, abaixo de US$ 60 por barril, em meio a expectativas de um possível acordo de paz que poderia permitir à Rússia retomar suas exportações sem restrições. Analistas do JP Morgan prevêem que o preço do barril pode cair 50%, chegando a US$ 30 até o final de 2027. O Goldman Sachs, por sua vez, vê uma trajetória diferente, com previsão de preços em torno de US$ 56 em 2026, subindo para US$ 80 até 2028.

    O excesso de petróleo no mercado é um dos principais fatores que pressionam os preços para baixo. A Rússia está operacionalizando a venda de mais de 3,6 milhões de barris de petróleo por dia por via marítima. Além disso, há 170 milhões de barris estacionados em petroleiros no alto-mar, aguardando ordens de venda. Muitos desses navios estão desconectando seus sistemas de localização, especialmente na região de Riau, na Indonésia, uma prática conhecida por estar relacionada ao contrabando de petróleo.

    Desde o início da invasão da Ucrânia, as exportações de petróleo da Rússia diminuíram em cerca de 900 mil barris diários, principalmente devido à queda nas vendas de gasóleo. Como resposta às sanções, a Rússia ampliou suas exportações para países como China e Índia, além da Turquia, embora haja suspeitas de que uma parte desse petróleo esteja sendo revendida à Europa, que impôs sanções a Moscovo.

    As análises indicam que, no cenário de uma recuperação lenta, a produção russa poderá chegar a 10,1 milhões de barris diários até 2027. Se a recuperação for mais rápida, a produção pode alcançar 11,3 milhões de barris no mesmo período. No entanto, mesmo que um acordo de paz seja alcançado, é improvável que as exportações russas retornem rapidamente ao patamar anterior.

    A Rússia enfrenta dificuldades para vender petróleo no volume e preço desejados, o que impacta diretamente suas receitas, fundamentais para sustentar a invasão da Ucrânia. Recentemente, o valor das exportações de petróleo do país caiu para US$ 1,1 bilhão, em decorrência da diminuição nas vendas e da queda contínua nos preços por mais de 11 semanas. Os preços do petróleo russo variam de US$ 37 no Mar Negro a US$ 50 no Pacífico.

    Além disso, novas restrições foram impostas aos petroleiros da Venezuela, sob a orientação do governo dos Estados Unidos, que anunciou um bloqueio para entrada e saída de navios que transportam petróleo do país. Essa medida visará dificultar o acesso a receitas essenciais para o regime de Nicolás Maduro, que já reagiu afirmando que essas ações são tentativas de roubar as “riquezas” da nação.

    Atualmente, a Venezuela exporta quase 600 mil barris por mês, principalmente para a China, que possui as maiores reservas de petróleo do mundo.

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