Neste último final de semana, os Estados Unidos tentaram interceptar dois navios ligados à Venezuela, gerando repercussões na indústria petrolífera do país. A tentativa de interceptação ocorreu em um contexto em que a empresa estatal PDVSA enfrenta dificuldades para retomar suas operações após um ciberataque recente.

    Os dados de rastreamento indicam que, na segunda-feira, o carregamento de petróleo em tanques no Venezuela diminuiu, com a maioria das embarcações realizando apenas viagens entre portos locais. O U.S. Coast Guard havia apreendido um superpetroleiro sob sanções que transportava petróleo da Venezuela e tentou interceptar outros dois navios no final de semana. Um desses navios estava vazio e também sob sanções, enquanto o outro, completamente carregado, seguia para a China.

    O governo dos EUA não forneceu atualizações recentes sobre os navios. Entretanto, a proibição de Donald Trump sobre todos os petroleiros que estejam sob sanções entrando e saindo da Venezuela deixou os proprietários de navios em estado de alerta. Trump também afirmou que os Estados Unidos poderiam manter ou vender o petróleo apreendido nas últimas semanas, além de manter controle sobre os navios confiscados.

    Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Panamá, Javier Martinez-Acha, comentou que o superpetroleiro que voava a bandeira panamenha, interceptado no sábado, não seguiu as normas marítimas, alegando que o navio havia alterado seu nome e desconectado seu transponder durante o transporte de petróleo da Venezuela. O Panamá tem o direito de cancelar o registro de um navio se descobrir que ele não cumpriu as regras marítimas.

    As ações dos Estados Unidos refletem uma pressão intensa sobre o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro, que se intensificou com a presença militar na região e uma série de ataques a embarcações suspeitas de transportar drogas no Oceano Pacífico e no Mar do Caribe, resultando em um número significativo de mortes.

    Em uma entrevista, Trump foi questionado sobre os seus planos para Maduro e disse que, se o presidente venezuelano “fizer frente, será a última vez que ele poderá fazer isso”.

    As recentes aproximações dos navios com a Venezuela têm sido complexas. A quantidade de petroleiros carregados que ainda não partiram aumentou, levando a milhões de barris de petróleo venezuelano estagnados em embarcações. Enquanto isso, os clientes estão exigindo maiores descontos e alterações contratuais para realizar viagens arriscadas.

    Além disso, muitos navios que se aproximam da costa da Venezuela para carregar petróleo ou entregar naphtha importada têm feito retornos ou suspendido a navegação, aguardando novas orientações.

    A PDVSA está lentamente restaurando alguns de seus sistemas online, mas ainda enfrenta desafios devido ao ciberataque que afetou sua estrutura administrativa, resultando em atrasos nos pagamentos dos funcionários.

    O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, declarou que as apreensões realizadas pelos EUA violam o direito internacional e configuram “atos de pirataria”. O Ministério das Relações Exteriores da China também condenou as intervenções dos EUA, considerando-as uma violação séria do direito internacional.

    Apesar desse cenário difícil, a principal parceira da PDVSA, a Chevron, exportou recentemente um carregamento de 500 mil barris de petróleo venezuelano para os EUA, com outras exportações já contabilizadas ao longo do mês.

    O superpetroleiro vazio, Bella 1, que o U.S. Coast Guard tentou interceptar, estava navegando na segunda-feira ao nordeste de Bermuda, enquanto o Skipper, um dos primeiros a ser apreendido pelos EUA neste mês, chegou à área do porto de Galveston, Texas, para transferir sua carga de petróleo.

    Essas intervenções dos EUA têm afetado diretamente a capacidade da PDVSA de operar, sendo consideradas a maior pressão desde a imposição das sanções americanas em 2020 a empresas comerciais de petróleo da Venezuela. Enquanto isso, os preços do petróleo internacional estão se elevando, refletindo as preocupações sobre possíveis interrupções no fornecimento devido aos conflitos e à instabilidade da região.

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