Imagine uma terapia que pode ajudar a combater problemas como a perda de memória, inflamações no corpo, altos níveis de estresse e reduzir o risco de suicídio, além de aumentar os níveis de serotonina, conhecido como “hormônio da felicidade”. Para usufruir desses benefícios, basta acreditar.

    Essas afirmações podem parecer místicas, mas a ciência revela que a espiritualidade traz vantagens tanto para a saúde física quanto mental. Estudos têm demonstrado de maneira significativa os impactos positivos da religiosidade, independentemente da crença específica.

    Um estudo importante, realizado com 70 mil mulheres e publicado em uma das revistas médicas mais renomadas do mundo, indicou que aquelas que frequentavam cultos mais de uma vez por semana apresentavam um risco menor de suicídio. Pesquisas adicionais mostraram melhorias na frequência cardíaca e uma redução nas arritmias. Outro estudo encontrou que a proteína interleucina 6, um marcador de inflamação, estava presente em menores quantidades entre as pessoas religiosamente ativas, indicando um corpo menos inflamado.

    Pesquisadores da Universidade de Utah, ao estudarem a comunidade mórmon, descobriram que a prática da religião ativa áreas do cérebro associadas ao prazer e recompensa, que também se ativam durante atividades prazerosas como ouvir música ou praticar esportes.

    Além dos efeitos biológicos, a religiosidade está frequentemente ligada a um estilo de vida saudável. Muitas religiões incentivam hábitos positivos, como evitar o tabaco e o consumo excessivo de álcool, além de promoverem o envolvimento comunitário e a prática de atividades filantrópicas. Essas práticas contribuem para o bem-estar geral, como explica Fábio Nasri, geriatra e coordenador de um grupo que estuda a espiritualidade na saúde.

    O aspecto moral e filosófico da religião também tem um impacto importante. Um estudo recente da Universidade de Manchester destacou como a sabedoria budista pode ajudar as pessoas a lidarem com os desafios emocionais e sociais da vida atual, oferecendo recursos para a saúde mental. A pesquisa sugere que o budismo propõe uma forma de vida que vai além da meditação, apresentando uma abordagem ética que pode ajudar a combater o estresse e o individualismo.

    Para colher esses benefícios, segundo Fábio Nasri, não é suficiente apenas visitar um local de culto regularmente. É fundamental incorporar a fé à vida diária. “Os benefícios não se mantêm se a crença não é vivida de coração. É preciso ter uma conexão verdadeira e profunda com os valores religiosos”, afirma.

    Para aqueles que não se identificam com nenhuma religião, o médico recomenda práticas como a meditação, yoga, ou qualquer atividade que proporcione uma conexão com algo além do material. Essa reconexão, como Nasri observa, muitas vezes se perde na sociedade contemporânea. Ele sugere que essa ligação ao divino pode ser redescoberta através da arte, da natureza ou outras formas que tragam beleza e significado às vidas das pessoas.

    Esses estudos mostram que a espiritualidade pode desempenhar um papel importante na manutenção da saúde e no bem-estar emocional, oferecendo uma alternativa significativa às abordagens exclusivamente materialistas da vida.

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