A redução do limite de velocidade na Via Expressa de Belo Horizonte, de 80 km/h para 60 km/h, implementada em 17 de junho deste ano, não trouxe mudanças significativas na quantidade de acidentes na via. Dados do Observatório de Segurança Pública da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública mostram que de junho a novembro de 2025, foram registrados 340 acidentes na avenida Presidente Juscelino Kubitschek. Esse número representa um aumento de cerca de 7% em relação ao mesmo período de 2024, quando houve 316 acidentes.
Nesse intervalo, o número de acidentes sem vítimas subiu de 256 em 2024 para 296 em 2025. Por outro lado, os acidentes com vítimas diminuíram de 60 para 44. Entretanto, em 2025 houve duas mortes, enquanto no ano anterior não foi registrado nenhum óbito na via. As causas mais comuns para os acidentes em 2025 foram falta de atenção ao dirigir, não manter distância segura do veículo à frente, ultrapassagens forçadas e outras infrações de trânsito.
Em 2024, a Via Expressa teve um total de 148 vítimas de acidentes, entre as quais 15 em estado grave ou inconsciente. Já em 2025, até novembro, foram 120 vítimas, sendo 13 em situações graves. A Via Expressa é uma das principais rotas entre Belo Horizonte e Contagem, enfrentando um intenso movimento de veículos leves e pesados diariamente.
A subsecretária de Operações de Transporte e Trânsito da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, Jussara Bellavinha, afirmou que é prematuro fazer uma avaliação definitiva sobre os impactos da mudança de velocidade. Segundo ela, é difícil perceber resultados em um curto período, e é necessário comparar com dados de outras áreas da cidade para uma análise mais precisa. Bellavinha destacou que a segurança no trânsito envolve vários fatores, e ações simples, como a redução de velocidade, sozinhas podem não ser suficientes.
Ela observou que quando houve um aumento na presença da fiscalização e campanhas educativas no início da implementação do novo limite de velocidade, o número de acidentes com vítimas caiu significativamente em julho e agosto. Entretanto, com o tempo, os motoristas começam a conhecer os locais de fiscalização e, consequentemente, podem adotar comportamentos de risco.
Jussara ainda apontou que o aumento de motocicletas nas ruas pode estar contribuindo para o aumento de acidentes, uma vez que esses veículos estão envolvidos em uma grande parte dos acidentes. O especialista em trânsito Silvestre Andrade comentou que a redução de velocidade por si só não garante uma diminuição nos acidentes, mas pode minimizar a gravidade deles. Ele ressaltou que a segurança no trânsito depende de diversas medidas que devem ser implementadas em conjunto.
No trecho entre Belo Horizonte e Contagem, houve a troca de radares e a instalação de um novo equipamento em frente à Arena MRV. No entanto, nenhum dos radares principais da Via Expressa está funcionando, pois ainda aguardam homologação. A subsecretária Bellavinha acredita que a falta de radares operantes pode contribuir, ainda que minimamente, para o aumento dos acidentes, já que motoristas podem se sentir menos intimidados a desrespeitar as regras de trânsito quando sabem que os equipamentos não estão em funcionamento.
