Crianças que passam muito tempo na frente de telas antes dos 2 anos podem apresentar mudanças no desenvolvimento do cérebro. Essas mudanças podem estar ligadas à lentidão na tomada de decisões e ao aumento da ansiedade quando elas chegam à adolescência. Essa informação vem de uma pesquisa conduzida pela professora assistente Tan Ai Peng e sua equipe do Instituto A*STAR de Desenvolvimento e Potencial Humano e da Escola de Medicina Yong Loo Lin da Universidade Nacional de Cingapura.

    Os cientistas usaram dados de um estudo conhecido como GUSTO, que acompanha o crescimento de crianças em Cingapura em busca de resultados saudáveis. Os pesquisadores descobriram que a ligação entre o tempo de tela e o desenvolvimento cerebral é bem evidente.

    Pesquisas mostram que o uso excessivo de dispositivos eletrônicos, como tablets e smartphones, pode afetar o cérebro em uma fase crítica de desenvolvimento. Quando as crianças estão muito expostas a essas telas antes dos 2 anos, elas podem ter dificuldades com decisões mais tarde. Isso quer dizer que, com o passar dos anos, elas podem demorar mais para tomar decisões.

    Além disso, os estudos revelaram que as crianças que passam mais tempo em telas na primeira infância têm mais chances de apresentar ansiedade na adolescência. Isso é preocupante, já que a adolescência é uma fase onde a saúde mental é bastante importante para o bem-estar geral.

    O motivo para essas mudanças pode estar na forma como o cérebro se desenvolve durante os primeiros anos de vida. Nesta fase, a criança está aprendendo muito sobre o mundo ao seu redor e como interagir com ele. Quando as telas substituem a interação real e as brincadeiras físicas, isso pode prejudicar essas experiências de aprendizado.

    Os especialistas alertam que o tempo excessivo em frente às telas pode resultar em menos oportunidades de desenvolvimento social e emocional. Brincar com outras crianças e interagir com os adultos são essenciais para o crescimento saudável. Quando isso não acontece, a criança pode perder habilidades importantes, como a empatia e a capacidade de lidar com emoções.

    O desenvolvimento do cérebro durante a infância é muito sensível, e a estimulação adequada é essencial para o crescimento saudável. As experiências vividas pelos pequenos, como brincar ao ar livre ou jogar com outras crianças, são como combustível para o cérebro. Isso ajuda a construir conexões que serão importantes durante toda a vida.

    Os dados de GUSTO foram muito úteis para entender esse fenômeno, já que o estudo acompanhou várias crianças desde a gravidez até a adolescência. A amostra é grande o suficiente para tirar conclusões relevantes sobre a saúde das crianças em Cingapura e, possivelmente, em outros locais.

    Os pesquisadores ainda estão analisando como diferentes tipos de conteúdo de tela influenciam o desenvolvimento infantil. Por exemplo, assistir a vídeos educativos pode ter um impacto diferente em comparação com jogos eletrônicos ou redes sociais. É um campo que ainda precisa de mais investigações para entender melhor o que acontece.

    O uso de telas é uma realidade cada vez maior em todo o mundo. É importante que pais e responsáveis estejam cientes dos riscos associados ao uso excessivo, especialmente em idades tão jovens. As recomendações atuais sugerem que crianças menores de 2 anos evitem o uso de dispositivos eletrônicos e priorizem interações com o mundo real.

    Em casa, os pais podem criar um ambiente saudável ao limitar o tempo de tela e incentivar atividades que estimulem o desenvolvimento. Ler livros, brincar ao ar livre e passar tempo em família são excelentes alternativas para ajudar no crescimento das crianças. Assim, elas podem viver experiências mais enriquecedoras e saudáveis.

    É importante também que os adultos se tornem modelos, praticando hábitos saudáveis em relação ao uso das telas. Se as crianças veem seus pais envolvidos excessivamente com dispositivos, elas também podem achar que isso é normal. A educação sobre o uso responsável da tecnologia é fundamental para o futuro dos jovens.

    Essa pesquisa nos dá uma visão valiosa sobre a relação entre o uso de telas cedo e o desenvolvimento da criança. Embora a tecnologia tenha seu espaço e suas vantagens, é preciso usar com cautela e no momento certo. A saúde mental e o desenvolvimento saudável das crianças devem sempre ser prioridade.

    Os dados de GUSTO e as descobertas da pesquisa podem servir como um alerta para famílias, instituições de saúde e políticas públicas. Com informações concretas em mãos, é possível criar programas que ajudem a reduzir o tempo de tela e promovam a saúde mental e emocional dos jovens.

    Em resumo, o estudo conduzido pela equipe de Tan Ai Peng revela uma preocupação real: o uso excessivo de telas antes dos 2 anos pode mudar o desenvolvimento cerebral saudável e ocasionar efeitos negativos na adolescência. Consequentemente, é fundamental que todos observem e pratiquem um uso equilibrado da tecnologia com os pequenos.

    Com essa conscientização e esforços conjuntos de famílias e instituições, podemos ajudar a garantir que as crianças cresçam saudáveis, felizes e preparadas para enfrentar o mundo. O futuro delas depende das escolhas que fazemos hoje, especialmente na era digital em que vivemos.

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