Após a condenação de Susan Lorincz, mulher branca que atirou e matou sua vizinha, Ajike Owens, através da porta de seu apartamento, a mãe da vítima declarou que sua família pode finalmente começar a se curar. Pamela Dias, mãe de Ajike, afirmou que a sentença de 25 anos de prisão em um estabelecimento do estado da Flórida, proferida em 2024, é um passo importante para a família.

    Pamela ressaltou que o caminho para a recuperação não tem sido fácil. Nesse contexto de violência relacionada a armas nos Estados Unidos, que inclui disputas pessoais e ataques raciais, a família de Owens começou a se engajar em ações que visam a cura, apoiando outras vítimas por meio de arrecadações para necessidades imediatas e promovendo mudanças nas leis de controle de armas, além de lutar por justiça racial.

    Pamela também destacou que nenhuma sentença ou veredicto pode trazer paz ou verdadeira responsabilização pelo que foi tirado de sua família. Sua luta se concentra em honrar o legado de Ajike por meio de ações de justiça, cura e cuidado comunitário.

    Ajike Owens foi morta em 2 de junho de 2023, após se dirigir à casa de Lorincz, que havia se irritado com o barulho causado pelos filhos de Ajike enquanto brincavam. A vizinha havia chamado a polícia e, em seguida, disparado um tiro pela porta, resultando na morte de Owens. Em seu julgamento, um júri a considerou culpada de homicídio culposo.

    Lorincz pediu desculpas durante a audiência de sentença, afirmando que não tinha a intenção de matar Ajike e se sentia confusa na noite do incidente. A sua defesa tinha como base a alegação de que ela temia por sua vida.

    Diante da dor da perda, Pamela Dias fundou a organização sem fins lucrativos chamada “Standing in the Gap Fund”, ao lado da irmã mais velha da melhor amiga de Ajike. O objetivo da organização é apoiar famílias afetadas pela violência armada e racial e lutar por mudanças na legislação.

    A cofundadora Takema Robinson mencionou que a iniciativa, que surgiu em resposta a essa tragédia, cresceu para se tornar um movimento que busca justiça e cura na comunidade. Uma das ações da organização é oferecer subsídios rápidos a famílias após ataques armados e defender a reforma das chamadas leis de “Stand Your Ground”, que permitem o uso da força letal em certas situações sem temer a perseguição criminal.

    Robinson enfatizou que a missão vai além de simplesmente responder à violência. O foco é ajudar as comunidades a reimaginar a segurança e o pertencimento. A fundação também investe em artes e narrativas como ferramentas de justiça e cura, pretendendo começar a fornecer subsídios até 2027.

    Pamela destaca que o apoio à fundação não é apenas uma doação, mas uma forma de cuidar da comunidade. Para ela, apoiar essa causa é uma ação coletiva para garantir que ninguém enfrente a dor da perda sozinho.

    Pamela acredita que sua filha Ajike, que foi uma mãe dedicada a seus quatro filhos, continua a inspirar ações que promovem cuidado e transformação. Ela lembra das conversas que tinha com a filha sobre os sonhos e esperanças de vida, ressaltando que a história de Ajike deve lembrar o mundo de que amor pode prevalecer sobre o ódio.

    O impacto da violência armada é um tema constante para Pamela, que reconhece que mais de 11 mil pessoas foram mortas por armas de fogo nos Estados Unidos apenas neste ano. Para ela, cada nova tragédia representa uma dolorosa lembrança da que sua família vivenciou.

    O legado de Ajike continua a viver por meio de sua mensagem de cura e solidariedade, refletindo no valor dos princípios que deixou em seus filhos. Pamela enfrenta o desafio de ajudar as crianças a lidar com a perda da mãe e reconhece a força e resiliência que elas demonstram. Ela confia que os valores de Ajike permanecem vivos neles, mostrando que o amor e a bondade continuam a ser parte de suas vidas.

    Para Pamela, a mensagem que deseja transmitir é simples: quando as pessoas se unem, podem curar juntas.

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