Pesquisa Revela Disparidades em Ensaios Clínicos de Câncer em Países em Desenvolvimento

    Uma nova pesquisa mostra que o número e a complexidade dos ensaios clínicos de câncer, desde 2001, foram diferentes em países de baixa e média renda. Isso acontece principalmente por causa do crescimento econômico, mas só até certo ponto. Esse estudo foi publicado na revista Cancer.

    Os países em desenvolvimento, conhecidos como LMICs, devem enfrentar um grande aumento dos casos de câncer nos próximos anos. No entanto, a maioria dos ensaios clínicos ainda acontece em países ricos. Apesar de haver uma expectativa de que os LMICs aumentem seus ensaios clínicos ao longo do tempo, ainda existem desigualdades em comparação com países de alta renda.

    Entre 2001 e 2020, foram registrados 16.977 ensaios clínicos de câncer em LMICs. A China e a Coreia do Sul, por exemplo, tiveram um crescimento econômico robusto e viram um aumento significativo no número de ensaios. Países da Europa Oriental e a Turquia também mostraram tendências de crescimento, mas menos acentuadas.

    Por outro lado, países do Sul e Sudeste Asiático, como Índia, Tailândia e Vietnã, experimentaram um crescimento econômico forte, mas o aumento dos ensaios clínicos foi inconsistente. Essa variação mostra que não se pode contar apenas com o crescimento econômico para aumentar o número de ensaios.

    Na América do Sul, Argentina, Brasil e México conseguiram aumentar o número de ensaios clínicos, mesmo passando por um período de estagnação econômica. Isso é interessante, pois demonstra que fatores além da economia podem influenciar essa área.

    Na África, o Egito teve um crescimento econômico sólido, refletido em um aumento nos ensaios clínicos. Porém, na África do Sul, essa relação não se confirmou, ou seja, o crescimento econômico não resultou em mais ensaios.

    Os dados sugerem que, embora o crescimento econômico ajude na expansão dos ensaios clínicos, ele não é o único fator. Isso significa que existem outros elementos em jogo que precisam ser considerados para aumentar a quantidade e a qualidade desses estudos.

    “Esses dados são importantes para os LMICs que querem melhorar suas pesquisas clínicas”, disse o autor sênior Max S. Mano, que é médico e faz parte do Grupo Cooperativo Latino-Americano de Oncologia e do Hospital Einstein Israelita, no Brasil.

    As descobertas reforçam que, para que os países em desenvolvimento consigam aumentar sua participação em ensaios clínicos de câncer, é fundamental explorar essas outras variáveis. Isso pode incluir desde melhor infraestrutura até políticas públicas que incentivem a pesquisa.

    Além disso, é crucial entender como as condições locais, como acesso a tecnologia e formação de profissionais de saúde, influenciam essas desigualdades. Essa análise pode ajudar a construir caminhos mais eficazes para que os países em desenvolvimento consigam aumentar suas contribuições em pesquisas.

    Por fim, o estudo destaca que a construção de uma rede de colaboração entre países pode ser uma boa estratégia. Isso poderia facilitar a troca de informações e conhecimentos, aumentando as chances de sucesso dos ensaios clínicos em LMICs.

    A diversidade nas abordagens e o foco em contextos específicos são essenciais. Assim, é possível que, no futuro, haja um cenário com mais ensaios clínicos de câncer registrados em países em desenvolvimento, permitindo melhores tratamentos para a população local.

    Com um olhar atento para essas questões, estruturas de pesquisa robustas podem ser criadas. Dessa forma, será possível garantir que o desenvolvimento econômico e a saúde andem lado a lado. E assim, cada vez mais, os países de baixa e média renda poderão atuar em pé de igualdade nas pesquisas sobre câncer, contribuindo de maneira significativa para o avanço da medicina.

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