A Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB) divulgou uma estimativa alarmante: até 90% dos casos de cegueira e deficiência visual podem ser prevenidos ou tratados. Um estudo recente aponta que se fossem investidos R$ 1,55 bilhão em saúde ocular, um valor correspondente a menos de 1% do orçamento público da saúde para 2025, isso poderia gerar um retorno anual de R$ 42 bilhões. Esse retorno representaria um ganho de R$ 27 para cada R$ 1 investido. O relatório, intitulado “Valor da Visão”, foi produzido em parceria com a Fundação Seva e a Fundação Fred Hollows.
Os efeitos da perda de visão são variados e sérios. Além de causar desemprego e baixa escolaridade, a deficiência visual pode levar a uma diminuição da renda das pessoas afetadas. Isso também impõe uma carga adicional aos cuidadores, indiretamente aumentando os problemas de saúde mental e elevando o risco de acidentes e doenças. Portanto, esses fatores impactam de maneira significativa a realidade socioeconômica do país.
O estudo ainda aponta que a atenção à saúde ocular pode oferecer benefícios econômicos. Os ganhos esperados em empregabilidade poderiam alcançar R$ 16,8 bilhões, enquanto a produtividade poderia aumentar em R$ 9,36 bilhões. Além disso, investir na prevenção e no tratamento de doenças oculares poderia evitar aproximadamente 60 mil casos de depressão e cerca de 14 mil acidentes de trânsito. O ganho em educação seria de 139 mil anos, um impacto relevante para o futuro educacional da população.
A pesquisa indica seis áreas prioritárias que os governos devem focar para prevenir a perda da visão. Entre elas, estão a realização de exames de rotina em comunidades, como nas escolas, a distribuição de óculos de leitura, o aumento da capacidade cirúrgica e a melhoria na eficácia das equipes de saúde. Também é crucial remover barreiras ao acesso aos cuidados oculares, como custos altos, distância das clínicas e estigmas associados, além de aprimorar a cirurgia de catarata com novas técnicas e cuidados pós-operatórios mais rigorosos.
Peter Holland, diretor-executivo da IAPB, destaca que a perda da visão é um problema global que afeta todos os setores da vida. Ele enfatiza que há soluções disponíveis, muitas das quais são simples e acessíveis. As autoridades, empresas, escolas e famílias são convocadas a priorizar a saúde ocular. Holland insiste que ao investir em saúde visual, estamos, na verdade, investindo no futuro de todos.
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