A saúde mental, por muito tempo, foi um tema negligenciado no ambiente corporativo, tratado como algo pessoal e fora do foco das empresas. No entanto, ficou claro que o bem-estar emocional dos colaboradores influencia diretamente a eficiência e a segurança nas operações. As organizações estão começando a perceber que manter um bom equilíbrio emocional não é apenas uma questão individual, mas essencial para a sustentabilidade e o sucesso dos negócios.

    Os efeitos da saúde mental no trabalho já são visíveis e preocupantes. Doenças como depressão, ansiedade e burnout não afetam apenas aqueles que as enfrentam, mas também provocam aumentos nos índices de acidentes, reduzem a produtividade e geram afastamentos. Em 2024, dados do Ministério da Previdência Social mostram que quase 500 mil trabalhadores brasileiros estavam afastados devido a transtornos mentais e comportamentais.

    A legislação está mudando para refletir essa nova realidade, mesmo que o tema ainda não receba a atenção necessária. Embora algumas atualizações na Norma Regulamentadora 1 (NR-01), que trata da saúde e segurança no trabalho, tenham sido adiadas, a NR-17, que aborda ergonomia física e emocional, está sendo intensamente fiscalizada. Empresas que não se prepararem podem enfrentar sanções, multas e até responsabilização dos gestores. No exterior, essas penalidades já são comuns e devem se intensificar no país.

    Cenários do cotidiano exemplificam os riscos desse descaso. Por exemplo, um trabalhador de linha de produção sob estresse pode cometer erros graves. Da mesma forma, um médico ou enfermeiro que não está emocionalmente bem pode errar na medicação, colocando vidas em risco. No ambiente corporativo, um e-mail enviado ao destinatário errado pode causar prejuízos significativos a projetos e trazer problemas jurídicos. Esses riscos são reais e não podem ser ignorados.

    Esse cenário de pressão e estresse, comum em diversas profissões, requer uma atenção especial. Reconhecer a importância da saúde mental é fundamental para transformar a vulnerabilidade em estratégia. Diferenciar-se em um mercado competitivo pode depender dessa abordagem.

    Embora muitos gestores ainda vejam a saúde mental como algo intangível, os dados já mostram os custos associados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que transtornos mentais causam uma perda econômica global de quase um trilhão de dólares anualmente, refletida em dias de trabalho perdidos. Portanto, desacelerar não é apenas uma questão de bem-estar, mas uma decisão estratégica.

    Empresas que ignoram a saúde mental enfrentam não só riscos operacionais, mas também jurídicos e financeiros. Assim como investem em segurança de máquinas e proteção de dados, precisam dedicar atenção à saúde emocional de seus trabalhadores. Ignorar essa questão não é apenas falho; é também um erro financeiro. Organizações que compreendem a relação entre saúde emocional e desempenho conseguem antecipar crises, reter talentos e proteger sua reputação.

    A conscientização é apenas o primeiro passo. Agora, o momento é de ação, pois as consequências financeiras dessa negligência já estão se manifestando. As empresas que se prepararem para essa nova realidade estarão mais aptas a enfrentar os desafios do futuro.

    Para saber mais sobre eventos que promovem a saúde mental no ambiente de trabalho, acesse eventos.

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