O mundo da realidade virtual (VR) e da realidade aumentada (AR) sempre foi um pouco específico. Muitos aparelhos criados para essas experiências eram voltados quase que exclusivamente para jogos ou tinham preços tão altos que pareciam mais experiências luxuosas do que gadgets do dia a dia.

    Mas as coisas podem estar mudando. A Samsung resolveu entrar na disputa com o Galaxy XR, seu primeiro headset de realidade mista com inteligência artificial. Este pode ser o maior passo da empresa rumo ao espaço da realidade estendida (XR).

    O Galaxy XR custa US$ 1.800, o que não é barato, mas já é quase pela metade do preço do Vision Pro da Apple, que parte de US$ 3.500. Nesse valor, a Samsung promete uma mistura de conforto, potência e usabilidade que pode tornar o produto mais acessível para quem está curioso sobre XR.

    A Samsung afirma que o design do headset é “centrado no ser humano”. Isso significa que ele distribui o peso pela testa e pela parte de trás da cabeça, reduzindo a pressão no rosto durante longas sessões. Parece que a empresa aprendeu com o feedback sobre conforto e peso de outros headsets, como o Vision Pro. Com 545 gramas, o Galaxy XR é feito para ser usado por mais tempo, enquanto o design mais pesado da Apple, com 800 gramas, ainda enfrenta dificuldades nesse aspecto.

    Internamente, a Samsung investiu bastante em desempenho. O Galaxy XR é movido pelo chip Snapdragon XR2+ Gen 2 da Qualcomm, vem com 16GB de memória e 256GB de armazenamento. Seus dois displays micro-OLED 4K têm uma resolução combinada de 3.552 x 3.840 pixels por olho, oferecendo detalhes impressionantes.

    O headset também suporta uma taxa de atualização de 90Hz e apresenta um ângulo de visão de 109 graus. Além disso, possui várias câmeras de rastreamento que conseguem acompanhar os movimentos das mãos, olhos e cabeça.

    Um dos destaques do Galaxy XR é a profunda integração com inteligência artificial. Ele roda no Android XR, uma nova plataforma desenvolvida pela Samsung, Google e Qualcomm. Isso indica que a Samsung quer que o XR seja uma plataforma aberta e compatível com outros sistemas. Em contraste, a Apple mantém o Vision Pro bem conectado ao seu próprio ecossistema. A abordagem da Samsung pode facilitar para desenvolvedores e usuários do Android, possibilitando que experimentem mais e ampliem a flexibilidade a longo prazo.

    O dispositivo também tem a inteligência artificial Gemini do Google incorporada ao sistema. Isso significa que o headset não apenas mostra ambientes virtuais, mas também entende ativamente o que está vendo. Por exemplo, o usuário pode desenhar um círculo em torno de um objeto real para obter informações instantâneas sobre ele ou usar o Gemini no Google Maps para navegação espacial.

    É possível até fazer perguntas, como achar vídeos específicos no YouTube ou pedir recomendações de lugares próximos, tudo em linguagem natural. É como ter um assistente de IA funcionando junto com a visão do usuário.

    Naturalmente, toda essa tecnologia vem com suas limitações. Assim como o Vision Pro da Apple, o Galaxy XR também usa uma bateria externa que pesa 302 gramas e dura cerca de duas horas (ou 2,5 horas para reprodução de vídeo). O preço de US$ 1.800 ainda é um obstáculo para a maioria dos usuários casuais.

    O verdadeiro teste sobre se esse dispositivo é viável vai depender de como os desenvolvedores adotam a plataforma e se eles conseguem criar aplicativos e conteúdos que fazem o headset ser mais do que apenas uma peça de hardware impressionante. O Vision Pro mostrou que a realidade mista de alta qualidade pode chamar atenção, mas nem sempre resulta em adoção ampla.

    Por enquanto, esse é um passo interessante da Samsung na área de XR. Se esse produto finalmente vai preencher a lacuna entre algo nichado e algo essencial, ou se vai seguir o mesmo caminho que outros headsets ambiciosos, vai depender de como a Samsung consegue transformar potencial em utilidade do dia a dia.

    Atualmente, há uma mudança significativa no mercado. Os dispositivos de AR e VR estão se afastando das tecnologias pesadas e grandes, em direção a opções de realidade mista e estendida, que prometem ser mais leves e dinâmicas.

    A ideia é tornar a realidade aumentada e a realidade virtual mais acessíveis para todos os públicos, quebrando barreiras e permitindo que mais pessoas experimentem essas tecnologias. A evolução contínua desses dispositivos pode mudar a perspectiva que todos têm em relação a eles, fazendo com que a realidade digital se torne parte da rotina.

    Assim, a movimentação da Samsung pode ser um sinal de que outras empresas também vão se engajar nesse caminho mais acessível e orientado ao usuário. A disputa pelo mercado de XR está apenas começando, e as inovações podem trazer novas funcionalidades que tornem esses dispositivos ainda mais úteis a cada dia.

    Com isso, é claro que o futuro da realidade mista e da realidade virtual está em jogo, e as próximas etapas nesse desenvolvimento vão ser decisivas para o que vem a seguir.

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