Os Fundos Imobiliários (FIIs) se tornaram muito populares entre os brasileiros que buscam uma forma de renda passiva. A promessa de isenção de Imposto de Renda e a recepção de “alugueis” mensais na conta atraíram muitos investidores. De 2014 até agora, o número de cotistas aumentou de 93 mil para mais de 2,5 milhões.

    No entanto, essa atração pelos dividendos pode obscurecer uma realidade preocupante. O IFIX, índice que mede o desempenho dos FIIs, tem apresentado resultados muito inferiores ao CDI, índice de referência da renda fixa. Por isso, é importante questionar não se os FIIs são bons ou ruins, mas para quem eles realmente servem. Você está buscando acumular ou usufruir do seu patrimônio? Essa resposta pode fazer toda a diferença.

    História e Popularização dos FIIs

    Os Fundos Imobiliários não são uma novidade. Criados em 1993, eles passaram a maior parte do tempo focando em investidores institucionais, como bancos e fundos de pensão. Foi apenas a partir de 1999 que surgiram os primeiros fundos destinados ao público geral. Porém, foi em 2005 que começou a popularização real, com a isenção de imposto sobre os rendimentos dos FIIs para pessoas físicas.

    A queda da taxa Selic, que começou em 2017, acelerou o crescimento do número de investidores. Quando os juros caíram drasticamente, especialmente em 2020, produtos de renda fixa, como a poupança e o CDI, começaram a oferecer retornos muito baixos. Nesse cenário, a isenção de Imposto de Renda dos FIIs e o pagamento de dividendos mensais tornaram-se extremamente atraentes. O número de cotistas cresceu de pouco mais de 200 mil para mais de 1,1 milhão em apenas três anos, refletindo a busca por uma rentabilidade que a renda fixa já não oferecia.

    O Desempenho do IFIX

    Embora os FIIs atraiam com seu apelo emocional, é vital analisar o retorno total desse investimento. O IFIX mede o desempenho dos fundos, somando a valorização das cotas e os dividendos. Quando confrontamos esse índice com o CDI, a realidade se torna clara: desde que foi criado em 2012, o CDI teve um retorno acumulado de 228,17%. Em comparação, o IFIX entregou apenas 135,32%, mesmo com a vantagem da isenção de impostos.

    Isso significa que, ao escolher investir em FIIs, o investidor perdeu quase 93% em relação ao retorno que teria obtido com a renda fixa. Apenas no final de 2019 o IFIX superou o CDI, mas isso exigiu quase sete anos de espera. Para muitos investidores, a pressa poderia levar a vendas antes que a recuperação fosse vista.

    Essa recuperação entre 2017 e 2019 foi impulsionada pela queda das taxas de juros, que fez os investidores migrarem em massa para a renda variável, incluindo os FIIs.

    A Limitação em Proteger o Poder de Compra

    A situação se complicou nos últimos anos, marcados por juros altos e inflação crescente. Um investimento ideal deve, pelo menos, preservar o poder de compra. Nos últimos cinco anos, o IFIX falhou nesse aspecto. Enquanto a inflação acumulou 36,31%, o retorno total do IFIX foi de apenas 27,48%. Comparando com a renda fixa (CDI), que disparou a 63,40%, fica evidente a fragilidade dos FIIs em períodos de alta volatilidade.

    Esses resultados indicam que, para investidores que buscam crescimento, os FIIs não mostraram eficácia em multiplicar ou proteger o capital.

    FIIs e o Perfil do Investidor

    A verdadeira questão sobre os Fundos Imobiliários é saber se eles se alinham com os objetivos e a fase de vida financeira de cada um. O foco excessivo na isenção de IR e no rendimento mensal pode ofuscar o retorno total que se busca no longo prazo.

    Fase de Acumulação

    Se você está na fase de acumulação, ou seja, construindo patrimônio, seu foco deve estar em multiplicar esse patrimônio. Nesse estágio, os FIIs não são a melhor escolha. O ideal é investir em ativos com maior potencial de retorno, como ações e ETFs, que historicamente superam o IFIX e o CDI.

    Os dividendos mensais dos FIIs não compensam a rentabilidade inferior que se observa no longo prazo. Portanto, opte por alternativas que promovam o crescimento do capital ao longo do tempo.

    Fase de Usufruto

    Por outro lado, se você já acumulou um patrimônio e está buscando viver da renda gerada, os FIIs podem ser úteis. Eles podem funcionar como uma fonte de rendimento previsível e isento de impostos. O ideal é que façam parte de uma carteira diversificada.

    • Renda e fluxo: Os FIIs oferecem proventos mensais que podem complementar suas receitas normais.
    • Proteção no longo prazo: Apesar das oscilações, tendem a preservar o poder de compra ao longo do tempo.

    Na fase de acumulação, os FIIs podem ser um luxo que custa caro em termos de rentabilidade. Já na fase de usufruto, eles podem ser uma peça-chave para garantir a segurança da renda.

    Alternativas Mais Eficientes

    Se você está buscando acumular, a performance do IFIX em comparação ao CDI é um sinal de alerta. Priorizar rendimento mensal em vez de crescimento patrimonial pode representar um erro a longo prazo.

    Para otimizar o retorno e acelerar o crescimento do capital, considere alternativas que se mostram mais eficientes:

    • Ações: Empresas em crescimento tendem a reinvestir seus lucros, proporcionando valorização significativa ao longo do tempo, superando os FIIs.
    • ETFs de renda variável global: Para diversificação e retorno robusto, invista em ETFs que abrangem mercados dinâmicos e ativos de proteção, como o ouro.
    • Renda fixa pós-fixada (CDI): Títulos como CDBs e LCIs atrelados ao CDI costumam oferecer maior segurança e retorno do que os FIIs.
    • Renda fixa pré-fixada: Durante ciclos de redução de juros, eles permitem taxas fixas vantajosas.
    • Fundos multimercados: Para uma gestão ativa e diversificada do capital, esses fundos maximizam os retornos em diferentes ativos.

    Conclusão

    A mensagem chave em relação aos Fundos Imobiliários é que a escolha deve ser baseada em objetivos financeiros específicos e no momento de vida de cada investidor. Se você está na fase de acumulação, os FIIs podem não ser a melhor escolha, especialmente em um cenário de inflação e juros em alta.

    À medida que a política econômica evoluir, pode ser necessário ajustar sua carteira de investimentos. Lembre-se de que, na fase de usufruto, os FIIs podem ser uma ferramenta valiosa para gerar renda. É essencial que sua estratégia de investimento esteja alinhada aos seus objetivos financeiros e ao seu ciclo de vida.

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