Nova Injeção Aprovada para Combater HIV

    A Inglaterra e o País de Gales aprovaram o uso de um novo remédio injetável que pode prevenir a infecção pelo HIV. O nome desse medicamento é cabotegravir. Ele promete ajudar cerca de mil pessoas com risco de contrair o vírus nessas regiões. É uma opção diferente das pílulas, que precisam ser tomadas todos os dias.

    O que é Cabotegravir?

    Cabotegravir pertence a um grupo de medicamentos chamados antirretrovirais, que foram inicialmente criados para tratar o HIV. Estudos mostraram que esses medicamentos também podem ser usados por pessoas que não têm o vírus, mas que estão em risco. Assim, eles conseguem reduzir bastante as chances de contrair HIV.

    O remédio age bloqueando a replicação do HIV nas células do corpo. Isso significa que, se uma pessoa for exposta ao vírus, a infecção não se estabelecerá. Esse tratamento é conhecido como profilaxia pré-exposição, ou Prep.

    Como Funciona a Aplicação?

    A injeção de cabotegravir é dada a cada dois meses, diretamente no músculo da região glútea. Apenas profissionais de saúde treinados podem aplicar a injeção, garantindo que o remédio entre corretamente no músculo.

    É fundamental ressaltar que cabotegravir não é uma vacina. As vacinas ajudam o sistema imunológico a combater infecções. Já o cabotegravir garante que haja uma quantidade suficiente do medicamento no sangue para evitar que o HIV se replique. Por isso, é muito importante que as pessoas que usam cabotegravir continuem a tomar a injeção a cada dois meses, enquanto estiverem em risco.

    Prep Oral versus Prep Injetável

    O Prep oral, que é tomado em forma de pílulas, pode ser 99% eficaz para prevenir HIV, mas essa eficácia depende de a pessoa lembrar de tomar a medicação direitinho todos os dias. Na prática, muitas vezes isso não acontece, e a proteção diminui.

    Por outro lado, a versão injetável do cabotegravir exige apenas seis injeções por ano, o que faz com que muitas pessoas prefiram essa opção. Estudos mostraram que é possível reduzir o risco de pegar HIV em 66% entre homens gays, homens bissexuais e mulheres trans, e em 88% entre mulheres cis que usaram cabotegravir, em comparação com o uso diário de pílulas.

    Além da eficácia, há algumas diferenças práticas. Usar o cabotegravir significa que as pessoas precisam ir ao clinic a cada dois meses para receber a injeção. Na comparação, quem toma o Prep oral só precisa pegar a receita a cada três a seis meses.

    Tanto o Prep injetável quanto o oral são bem seguros, mas os efeitos colaterais podem ser diferentes. O mais comum com cabotegravir é um pouco de inchaço ou dor no local da injeção. Já o Prep oral pode causar náuseas, vômitos e dores de cabeça.

    Atualmente, as diretrizes indicam que cabotegravir deve ser oferecido a pessoas que precisam de Prep, mas que não conseguem usar as pílulas de forma eficaz. Isso inclui pessoas com problemas de saúde, como sérios problemas no fígado ou rins.

    Além disso, há aqueles que não conseguem administrar as pílulas por razões sociais ou pessoais, como pessoas sem-teto, vítimas de violência doméstica que podem temer que seus parceiros descubram as pílulas e usuários de drogas que têm dificuldade em manter a rotina de tomar medicamentos.

    Um Marco Importante

    Cabotegravir já tinha aprovação no Reino Unido como parte de um tratamento para pessoas que vivem com HIV. Agora, essa medicação estará disponível para quem não tem o vírus, ajudando a proteger contra possíveis infecções. É a primeira vez que um tratamento alternativo ao Prep oral está disponível no sistema nacional de saúde.

    Essa nova opção pode ser uma grande ajuda para quem não conseguia usar o Prep no formato labial. Pesquisas indicam que as pessoas em risco de HIV preferem receber o tratamento injetável pela praticidade e pela redução na quantidade de pílulas.

    Esse aval também pode abrir portas para outros tipos de Prep injetável com durações diferentes. Por exemplo, há um remédio chamado lenacapavir, que é aplicado a cada seis meses e já está disponível nos Estados Unidos.

    Atualmente, ainda existem problemas de acesso desigual ao Prep. Por exemplo, apenas 3% dos usuários de Prep são mulheres, enquanto elas representam 35% dos novos diagnósticos de HIV. Pesquisas recentes mostram que a oferta atual de Prep não atende bem às necessidades das mulheres.

    Dar mais opções aos pacientes sobre qual tipo de Prep utilizar é um passo importante para resolver essa desigualdade. Porém, é vital que os serviços de saúde sexual recebam recursos adequados para conseguirem oferecer o Prep injetável.

    Pesquisas estão avaliando também a possibilidade de disponibilizar o Prep em outros locais além das clínicas de saúde sexual, como farmácias e consultórios de médicos. Isso poderia ajudar a garantir um acesso mais justo ao tratamento. Pensar em como integrar essas injeções a novos serviços será essencial nessa próxima fase.

    Ao aumentar a quantidade de pessoas que podem usar o Prep, as injeções oferecem uma nova ferramenta importante para alcançar o objetivo do governo de eliminar novas infecções de HIV até 2030.

    Share.