Uma revisão sistemática analisou como produtos de cannabis com alta concentração de delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) estão relacionados a problemas de saúde mental. Os resultados mostraram que esses produtos estão ligados a efeitos negativos, especialmente em casos de psicose, esquizofrenia e transtorno por uso de cannabis (CUD). No entanto, as evidências atuais têm suas limitações, e os pesquisadores pedem mais estudos bem estruturados para oferecer orientações mais precisas para médicos e para o público em geral. Essa revisão foi publicada em uma revista médica.
Os pesquisadores da Universidade do Colorado, em parceria com outros colegas, analisaram 99 estudos que envolveram 221.097 participantes entre os anos de 1977 e 2023. Eles escolheram uma ampla gama de estudos, focando na relação entre produtos de cannabis com alta concentração de THC e problemas de saúde mental, sem se limitar a pesquisas que estudassem apenas efeitos terapêuticos.
Os produtos de cannabis com alta concentração são aqueles que têm mais de 5 mg de THC ou 10% de THC em cada porção, além de produtos que são chamados de “concentrados potentes”, “shatter” ou “dab”. As questões de saúde mental que os pesquisadores investigaram incluíram ansiedade, depressão, psicose, esquizofrenia, CUD e outros transtornos por uso de substâncias. Eles também classificaram os efeitos em três categorias: agudos (dentro de 12 horas), pós-agudos (após uso contínuo de 1 a 2 meses) e de longo prazo (após mais de 1 ano de uso contínuo).
Nos estudos que não tinham como foco testes de efeitos terapêuticos, os produtos com alta concentração de THC foram associados a psicose, esquizofrenia e CUD. Nenhum estudo terapêutico conseguiu mostrar efeitos positivos em relação à psicose ou esquizofrenia. Entre os estudos não terapêuticos, 53% mostraram relações desfavoráveis com a ansiedade e 41% com a depressão. Já entre os estudos que visavam entender efeitos terapêuticos, alguns apontaram benefícios para a ansiedade (47%) e para a depressão (48%), enquanto outros indicaram efeitos negativos (24% para ansiedade e 30% para depressão).
Essas descobertas reforçam conclusões anteriores de que quanto maior a concentração de THC, maior o risco de problemas de saúde mental. No entanto, ainda não há evidências definitivas que possam fornecer orientações claras para pacientes. Portanto, é importante abordar esse tema com cautela e buscar informações mais detalhadas.
Além disso, a revisão trouxe à tona questões importantes sobre a necessidade de um maior número de investigações. O que os pesquisadores esperam é que os próximos estudos possam esclarecer melhor como o uso de produtos de cannabis afeta a saúde mental das pessoas, ajudando tanto médicos quanto pacientes a tomarem decisões mais informadas sobre o uso dessas substâncias.
Os dados sugerem que a popularidade crescente dos produtos de cannabis com alta concentração de THC pode representar um risco, especialmente entre jovens e pessoas vulneráveis a problemas mentais. Portanto, é fundamental que a sociedade e os profissionais de saúde estejam cientes desses riscos.
Por fim, a discussão sobre cannabis e saúde mental continua em aberto. O entendimento de como essas substâncias afetam o cérebro humano e o bem-estar emocional precisa avançar. Com estudos futuros, espera-se que haja mais clareza sobre os efeitos a curto e longo prazo da cannabis na saúde mental, o que pode ajudar na formulação de políticas públicas e orientações para o uso seguro e responsável dessa planta. Assim, se você ou alguém que conhece está considerando usar esses produtos, é sempre bom consultar um profissional de saúde para discutir e ponderar os possíveis riscos e benefícios.
