Resumo

    Cientistas descobriram que um gene chamado CHRNA3 é fundamental na sensibilidade ao álcool. Isso ajuda a entender porque algumas pessoas toleram melhor o álcool do que outras. Quando esse gene apresenta mutações, as pessoas demoram mais para evitar o álcool e consomem mais, mostrando menos reação aos efeitos relaxantes da bebida.

    Além disso, essa mutação altera as vias de sinalização no cérebro que envolvem neurotransmissores como o glutamato e o GABA, que são importantes para equilibrar a excitação e a inibição. Esses achados sugerem que variações no CHRNA3 podem aumentar a vulnerabilidade à dependência de álcool, fornecendo novas informações sobre fatores genéticos que influenciam o vício.

    Fatos Importantes

    • Gene da Sensibilidade ao Álcool: O CHRNA3 regula como o cérebro reage aos efeitos do álcool.
    • Impacto da Mutação: A alteração no CHRNA3 atrasa a vontade de evitar o álcool e aumenta o consumo.
    • Insight sobre Vícios: A função desse gene pode explicar predisposições genéticas a transtornos relacionados ao uso de álcool.

    Os pesquisadores da Escola de Medicina Yong Loo Lin da Universidade Nacional de Cingapura (NUS Medicine) afirmam que o gene CHRNA3 é um grande regulador da sensibilidade ao álcool. Este estudo apresenta evidências experimentais que conectam mudanças na função do CHRNA3 a diferenças perceptíveis na sensibilidade ao álcool nas pessoas.

    O estudo foi publicado em uma revista científica e fortalece a compreensão biológica do risco de dependência, ligando o gene a alterações comportamentais e Cerebrais. A pesquisa foi liderada pelo Professor Ajay S. Mathuru, com a colaboração do Dr. Joshua Raine e da Dr. Caroline Kibat, todos da mesma instituição.

    Os especialistas identificaram que mutações no gene CHRNA3, que atua como um receptor nicotínico de acetilcolina no sistema nervoso, estão ligadas à diminuição da sensibilidade ao álcool em modelos pré-clínicos de laboratório.

    Para investigar se fatores genéticos influenciam o desenvolvimento de transtornos relacionados ao uso de álcool, os pesquisadores utilizaram um método em que os peixes-zebra podiam escolher se auto-administrar álcool. Eles mediram comportamentos de averiguação e atração, além de analisarem a atividade dos genes cerebrais relacionados a neurotransmissores.

    Normalmente, os peixes demonstram um interesse inicial pelo álcool, seguido rapidamente por um movimento de evitar a bebida à medida que a dose aumenta. No entanto, os modelos de laboratório com mutações no CHRNA3 mostraram uma demora nessa transição, resultando em maior consumo de álcool e maior tolerância.

    A mutação também foi relacionada a alterações na expressão de genes de receptores de glutamato e GABA, que controlam sinais excitatórios e inibitórios no cérebro. Quando o CHRNA3 não funciona corretamente, isso diminui os efeitos normais do álcool e o toque relaxante que a bebida costuma causar em doses menores.

    Assim, verifica-se que um funcionamento normal do CHRNA3 pode ajudar a regular a exposição ao álcool e pode unir as diferenças individuais na sensibilidade à bebida.

    Ao relacionar o gene CHRNA3 a mudanças comportamentais e cerebrais, este estudo aprofunda a compreensão dos riscos de dependência e proporciona novos insights sobre como a genética pode predispor pessoas à dependência de álcool.

    “O nosso estudo oferece evidências experimentais diretas de que o CHRNA3 regula a sensibilidade ao álcool”, diz o Professor Mathuru. “As variações que alteram a função desse gene podem aumentar o risco de desenvolver transtornos relacionados ao uso de álcool nas pessoas, algo que precisa ser explorado mais a fundo. Identificar esses fatores de risco pode ajudar a criar estratégias mais eficazes de prevenção e tratamento.”

    O Professor Mathuru é investigador no Instituto de Biologia Molecular e Celular e também participa de outros programas da NUS. Os colaboradores incluiram professores da área de Ciências Biológicas da universidade.

    O método de auto-administração usado neste estudo é uma técnica econômica que proporciona resultados mais rápidos, ajudando a descobrir como genes específicos influenciam comportamentos ligados ao vício. Isso pode complementar outras abordagens para melhorar a eficiência e guiar futuros tratamentos.

    A equipe pretende continuar sua pesquisa analisando variantes do CHRNA3 em humanos para verificar se também impactam a sensibilidade ao álcool. Eles também ampliaram seus estudos para investigar circuitos de recompensa e evitação, além das interações entre mutações combinadas em genes ligados ao vício.

    Os próximos passos da pesquisa incluem descobrir a ligação mecânica entre os sistemas de neurotransmissores alterados nas mutações e avaliar os impactos em outros comportamentos. Esse esforço contribuirá para estratégias de prevenção personalizadas para pessoas com essas predisposições genéticas.

    Sobre a Pesquisa em Genética e Vício

    Cientistas estão cada vez mais explorando as razões por trás dos transtornos relacionados ao uso de álcool (AUDs), que são fenômenos complexos influenciados pela genética, neurobiologia e ambiente social. Entender as bases neurogenéticas é fundamental para criar estratégias de intervenção personalizadas.

    Neste estudo, foi empregado um esquema de auto-administração de peixes-zebra para observar como o gene CHRNA3 afeta a resposta ao álcool. Os peixes mostraram uma resposta biphasic, que transita de atração à aversão em poucos minutos, evidenciando que eles podem regular a exposição ao álcool.

    Quando expostos a baixa concentração de álcool, essas criaturas mostraram menos comportamentos de ansiedade. Contudo, com doses mais altas, as reações sedativas começaram a aparecer, fazendo com que eles nadassem menos e de forma descoordenada. Essas respostas estavam ausentes em peixes com mutações no CHRNA3, que mostraram maior auto-administração de álcool e um comportamento mais social.

    Análises genéticas indicaram que o funcionamento do glutamato e do GABA, além da sinalização colinérgica, fica prejudicado nos cérebros mutantes. Esses resultados mostram que o mau funcionamento do CHRNA3 está ligado a mudanças significativas, com um aumento na tolerância ao álcool sendo uma das consequências.

    Além disso, esses achados ressaltam a importância de utilizar alternativas não roedores para entender a neurogenética relacionada ao desenvolvimento de AUDs.

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