Sono e Risco de Demência em Mulheres na Casa dos Oitenta
Nos últimos anos, algumas pesquisas têm mostrado preocupações sobre o sono, especialmente entre mulheres com mais de 80 anos. Um estudo recente, que teve suas descobertas divulgadas em março de 2025, trouxe à tona que aquelas que experienciam um aumento na sonolência diurna durante um período de cinco anos têm o dobro de chances de desenvolver demência. É importante ressaltar que a pesquisa não afirma que a sonolência causa demência, mas sim que existe uma conexão entre os dois fatores.
Segundo Yue Leng, PhD da Universidade da Califórnia em São Francisco, “o sono é vital para a saúde do cérebro, pois permite que ele descanse e se recupere. Isso melhora nossa capacidade de pensar e lembrar das coisas”. No entanto, ainda há muito a aprender sobre o jeito que o sono e as funções cognitivas se relacionam ao longo do tempo e como essas relações podem indicar o risco de demência na vida mais avançada.
Para entender melhor essa questão, os pesquisadores acompanharam 733 mulheres com uma média de 83 anos, que não apresentavam nenhum sinal de demência ou problemas cognitivos no início do estudo. Ao longo de cinco anos, o estado de saúde mental delas foi monitorado com atenção.
Com o decorrer do estudo, 164 participantes, ou seja, 22%, desenvolveram alguma forma de comprometimento cognitivo leve, e 93, cerca de 13%, foram diagnosticadas com demência. Para monitorar o sono, as participantes usaram dispositivos no pulso que registravam detalhes do sono e do ritmo circadiano durante três dias no começo e no final da pesquisa.
Os pesquisadores analisaram as mudanças na duração e qualidade do sono noturno, as sonecas durante o dia e como o ritmo circadiano delas se comportava. Ao final do estudo de cinco anos, mais da metade das participantes, 56%, apresentou modificações significativas em seus padrões de sono.
A equipe de pesquisa separou as participantes em três grupos com base nas mudanças observadas: 44% mostraram sono estável ou algumas pequenas melhorias, 35% apresentaram um sono noturno em declínio e 21% relataram um aumento na sonolência. O grupo com sono em declínio incluía mulheres que perceberam piora na qualidade e duração do sono à noite, com aumento moderado nas sonecas e alterações nos ritmos circadianos. Já no grupo da sonolência crescente, houve um aumento tanto no sono diurno quanto no noturno, além da deterioração dos ritmos circadianos.
Depois, os pesquisadores investigaram como essas mudanças nos padrões de sono estavam ligadas ao risco de desenvolver demência. Das participantes do grupo com sono estável, apenas 8% desenvolveram demência. Já entre aquelas com sono noturno em declínio, 15% apresentaram demência. No grupo da sonolência crescente, o número subiu para 19%.
Após levar em conta fatores como idade, educação, raça e saúde geral das participantes, como diabetes e pressão alta, a equipe descobriu que as mulheres do grupo com sonolência crescente tinham duas vezes mais chances de desenvolver demência em comparação com aquelas que mantinham um sono estável. Curiosamente, nenhuma relação foi encontrada no grupo que passou por declínio do sono noturno.
Yue Leng destacou que as mudanças nos padrões de sono, sonecas e ritmos circadianos podem variar bastante em apenas cinco anos para mulheres nessa faixa etária. Isso deixa claro que mais estudos são necessários para entender melhor como esses padrões diários de sono podem se relacionar com o risco de demência.
É importante ressaltar que uma limitação do estudo é que a maioria das participantes era de ascendência branca, o que limita a capacidade de generalização dos resultados para populações mais diversas. Esse ponto ressalta a necessidade de incluir mais grupos em futuras pesquisas para uma análise mais abrangente.
O estudo teve financiamento de órgãos de pesquisa e saúde do governo, visando entender melhor esses fenômenos e impactar positivamente a saúde cognitiva da população mais velha.
Em suma, à medida que envelhecemos, o sono se torna um fator de relevância ainda maior. O que parece ser um simples cansaço durante o dia pode estar relacionado a algo mais sério, como a demência. Portanto, é fundamental prestar atenção nas nossas noites de sono e como nos sentimos ao longo do dia. Essas informações podem ajudar na detecção de problemas mais sérios no futuro e permitir que as pessoas busquem ajuda e orientação necessárias.
Nesse sentido, cuidar do sono e da saúde mental é uma prioridade para que se possa envelhecer de forma saudável, com um bem-estar geral mais satisfatório. Se você ou alguém que conhece se sente mais sonolento do que o normal, vale a pena buscar um médico e discutir isso. Um bom sono é a base para um cérebro saudável, especialmente com o passar dos anos, e estar atento a esses sinais pode fazer toda a diferença na qualidade de vida.
O caminho para obter um sono de qualidade é complexo e muitas vezes requer mudanças no estilo de vida e na rotina, mas é um esforço que vale a pena. Separe um tempinho para cuidar do seu sono e, quem sabe, você possa evitar complicações que venham à frente. O que se pode concluir é que, em qualquer situação, o diálogo com profissionais de saúde é sempre um passo importante na busca por informações e soluções que realmente façam a diferença na vida das pessoas.
