Resumo:

    Pesquisadores descobriram que é possível alterar a força das memórias ao ativar um “interruptor” epigenético em neurônios que armazenam memórias. Focando no gene Arc, que ajuda na conexão entre os neurônios, eles usaramm ferramentas CRISPR para aumentar ou silenciar sua atividade nas células de memória do hipocampo.

    Quando Arc foi silenciado, a formação das memórias foi bloqueada. Em contrapartida, ativá-lo fortaleceu a recuperação das memórias, mesmo dias depois. Essas mudanças podem ser revertidas. A descoberta oferece novas perspectivas sobre como a regulação gênica nas células de memória pode influenciar o aprendizado e o esquecimento, trazendo promissoras possibilidades de terapia para o PTSD e doenças neurodegenerativas.

    Fatos principais:

    • Alvo do gene da memória: Pesquisadores usaram ferramentas CRISPR para controlar o gene Arc nas células que armazenam memórias.
    • Edição reversível: Desligar o Arc empobreceu ou apagou a memória, enquanto ativá-lo melhorou a recuperação. Ambos os efeitos podem ser revertidos.
    • Promessas terapêuticas: Os resultados apontam novas estratégias para tratar PTSD, dependências e perda de memória relacionada à idade.

    Sobre Memórias e Engrams:

    Nossas experiências deixam marcas no cérebro, que ficam armazenadas em grupos pequenos de células chamados “engrams”. Acredita-se que os engrams guardam as informações de uma memória e são reativados quando lembramos, tornando-se um foco importante de pesquisa sobre memória e a perda desse tipo devido ao envelhecimento ou traumas.

    Os cientistas também sabem que o processo de aprendizado está ligado a mudanças epigenéticas, que se referem a como a célula regula os genes ao adicionar “notas adesivas” químicas no DNA. Isso nos leva a uma pergunta importante: será que o estado epigenético de um único gene pode mudar uma memória?

    A Pesquisa Realizada:

    Um time de pesquisadores liderados pelo Professor Johannes Gräff, do Laboratório de Neuroepigenética, uniu o controle gênico baseado em CRISPR com uma técnica que identifica as células de engram. Eles focaram no gene Arc, que ajuda os neurônios a se conectarem. O objetivo era descobrir se mudar o estado epigenético do gene poderia influenciar diretamente a memória.

    Um “Interruptor” Epigenético:

    Os pesquisadores criaram ferramentas especializadas, baseadas em CRISPR, que podiam aumentar ou reduzir a atividade do gene Arc nos neurônios de memória. Algumas ferramentas foram desenvolvidas para desativar a atividade do gene, adicionando marcas que dificultam o acesso ao DNA, enquanto outras facilitavam o acesso e ligavam o gene. Essas ferramentas funcionaram como um “interruptor” epigenético para o gene Arc.

    Essas ferramentas foram entregues a células do hipocampo dos camundongos por meio de vírus inofensivos, em uma região do cérebro essencial para guardar e recuperar memórias. Os camundongos foram então treinados para associar um determinado lugar a um leve choque no pé.

    Ao modificar o estado epigenético do Arc nos neurônios, os cientistas puderam verificar se os animais lembravam do choque ou não. Além disso, foi incluído um “interruptor de segurança” que poderia desfazer a edição e reiniciar o estado da memória.

    Resultados da Pesquisa:

    O estudo demonstrou que ao silenciar epigeneticamente o Arc nas células de engram, os camundongos não conseguiam aprender. Porém, ao aumentar a atuação do gene, a memória se tornava mais forte. Além disso, esses efeitos foram reversíveis, mostrando que esse “interruptor” epigenético pode regular a expressão da memória.

    Memórias que já tinham vários dias, que normalmente são difíceis de modificar, também puderam ser alteradas. Em nível molecular, a edição causou mudanças na atividade gênica e na organização do DNA, que estavam relacionadas aos efeitos comportamentais observados.

    Controle da Expressão da Memória:

    Este é o primeiro estudo que mostra de forma direta que mudar o estado epigenético nas células de memória é necessário e suficiente para controlar a expressão da memória. Essa descoberta abre novas possibilidades para investigar como as memórias são armazenadas e alteradas, com potencial para ser aplicado aos humanos no futuro.

    Pesquisas semelhantes podem ajudar a entender melhor condições onde o processamento da memória não funciona corretamente. Isso inclui memórias traumáticas no PTSD, memórias relacionadas a drogas em dependências e problemas de memória que surgem em doenças neurodegenerativas.

    Principais Questões Respondidas:

    • O que os cientistas manipularam para controlar a memória?
      Eles mudaram o estado epigenético do gene Arc nas células de engram do hipocampo, ajustando a expressão da memória.

    • Como isso afeta a memória?
      Silenciar o Arc impediu o aprendizado e a recuperação, enquanto aumentá-lo fortaleceu as memórias existentes, mesmo depois de já estarem consolidadas.

    • Por que essa descoberta é significativa?
      É a primeira evidência que mostra que alterar diretamente o estado epigenético de um único gene nas células de memória pode controlar a formação e recuperação de memórias.

    Sobre a Pesquisa:

    Esse tipo de pesquisa em epigenética e memória mostra progressos importantes. Abre novas portas para entender como nossas memórias funcionam e como podemos tratar distúrbios relacionados à memória. Pode ser um passo importante em direção a novas terapias para condições que afetam a memória, proporcionando esperança a muitas pessoas no futuro.

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