China sempre foi conhecida pela sua resistência e busca pela autossuficiência. Seja com veículos elétricos, exploração espacial ou marcas de smartphones locais, o país tem um talento para ultrapassar limites e fazer escolhas ousadas para reduzir a dependência de tecnologia estrangeira.

    Agora, essa determinação se estende a um dos itens mais importantes da corrida tecnológica moderna: os chips. Porém, desta vez, não se trata apenas de produzi-los internamente; é sobre eliminar completamente os chips estrangeiros.

    A China, através de novas diretrizes do governo, decidiu que qualquer projeto de centro de dados que receba financiamento estatal terá que usar apenas chips de IA fabricados no país. Isso visa fortalecer a independência tecnológica da China e limitar a influência dos Estados Unidos.

    Se o projeto estiver em fase inicial, ou seja, com menos de 30% pronto, todos os chips importados devem ser retirados ou as compras canceladas. Já os centros de dados quase finalizados serão analisados caso a caso para decidir se ainda poderão usar chips importados.

    Essa medida ocorre após anos de restrições de exportação dos EUA, que dificultaram a compra de semicondutores avançados, especialmente de empresas americanas. Os Estados Unidos justificam essas ações para evitar que sua tecnologia seja usada para fins militares, mas isso deixou as empresas de tecnologia chinesas vulneráveis a decisões políticas americanas.

    Não é surpresa, então, que Pequim queira romper essa dependência e impose essa nova regra para projetos com apoio do governo. Assim, centros de dados devem ter apenas chips produzidos na própria China.

    Esse movimento traz desafios, principalmente para empresas como Nvidia, AMD e Intel, que fornecem chips de alto desempenho para a computação em IA na China. A Nvidia, por exemplo, sofreu uma grande queda. Há reports de que a gigante dominava 95% do mercado de chips de IA na China, mas agora pode não ter mais nada, segundo seu CEO, Jensen Huang.

    Perder os contratos de centros de dados financiados pelo estado, que atraíram mais de US$ 100 bilhões em investimentos públicos desde 2021, representa uma perda significativa de receita.

    Para empresas locais como Huawei, Cambricon e startups como MetaX e Enflame, essa mudança abre grandes oportunidades. É interessante ver se essas empresas conseguem se destacar na indústria de chips. No entanto, o recado é claro: a China não quer depender mais de outros países. O objetivo é ser autossuficiente.

    O cenário para as ações de tecnologia e chips na China é bem promissor, com muitos registros de crescimento significativo. O investimento em tecnologia de IA está bombando, e muitos têm esperança de que essa tendência continue.

    Contudo, as avaliações elevadas estão colocando à prova a paciência dos investidores. O futuro é incerto, mas a movimentação das ações na China poderá impactar a cena global, especialmente em meio à crescente rivalidade entre China e EUA.

    A abordagem autossuficiente da China, portanto, pode alterar o equilíbrio no mercado global de tecnologia. O país está indo firme nessa jornada e não parece que vai recuar tão cedo.

    As novas regras não só pretendem proteger a economia local, mas também promover inovações no setor de tecnologia. Ao priorizar a produção interna de chips, a China visa fortalecer seu papel no cenário tecnológico mundial.

    Além disso, isso poderá incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias e startups que, até então, não tinham tanto espaço para crescer. Isso significa que podemos ver novas soluções surgindo, aumentando ainda mais a competitividade interna.

    Os efeitos de tal movimento são amplos, desde a criação de empregos até o estímulo à pesquisa e desenvolvimento. O governo chinês parece decidido em garantir que seu mercado interno não seja apenas um consumidor, mas um grande produtor de tecnologia.

    Agora, com os limites às importações, o foco dos investimentos deve ser completamente redirecionado para as empresas locais. Com isso, espera-se que surjam novas parcerias e colaborações, criando um ecossistema robusto voltado para a inovação.

    Esse contexto levantará várias questões sobre a competitividade do setor de tecnologia em nível global, especialmente com a pressão que essa decisão gera sobre as empresas tradicionais já estabelecidas.

    No fim das contas, a China está clara em seu objetivo: criar um ambiente tecnológico independente e dinâmico, onde não dependa mais de outros países. Será um verdadeiro teste para a capacidade de adaptação das empresas no setor de tecnologia.

    Esses movimentos podem também impactar outros setores, quando a tecnologia se torna um pilar para a economia moderna. Ao criar um ambiente fértil para inovação e tecnologia local, a China espera um crescimento que possa não apenas beneficiar os cidadãos, mas também a economia como um todo.

    Concluindo, a estratégia da China de restringir o uso de tecnologia estrangeira nos centros de dados governamentais é uma jogada ousada que pode ter repercussões duradouras. O mundo está observando, esperando para ver como essa mudança moldará o futuro tecnológico não só da China, mas de toda a economia global.

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