Menos da metade dos jovens adultos com níveis altos de LDL-C, conhecido como “colesterol ruim”, começa a tomar estatinas dentro de cinco anos após o primeiro exame que mostra essa alteração. Isso foi revelado em um estudo publicado em uma revista médica e apresentado em um evento de cardiologia. As recomendações atuais sugerem que pessoas com LDL-C acima de 190 mg/dL devem usar estatinas, mas esses dados mostram que há lacunas significativas no tratamento de colesterol entre jovens de 18 a 39 anos, especialmente aqueles com risco de doenças cardíacas.
Pessoas com LDL-C elevado têm maior chance de sofrer um infarto ou derrame. Mais da metade dos jovens adultos nos EUA apresentam níveis de LDL-C elevados (acima de 100 mg/dL). Porém, é preocupante que esse público esteja muito menos informado sobre seus níveis de colesterol em comparação aos mais velhos e também receba menos tratamento recomendado. Este estudo se destaca por ser um dos maiores a analisar os padrões de teste de LDL-C e a iniciação de estatinas entre os jovens.
Em um sistema de saúde da Califórnia, foi observado que muitos jovens adultos em alto risco não estavam fazendo o acompanhamento dos testes de LDL-C ou não estavam iniciando a terapia com estatinas, como recomendado. Essa situação chama atenção, pois a juventude é um período importante para prevenir doenças cardíacas ao longo da vida.
Os pesquisadores avaliaram dados de mais de 770 mil jovens adultos da Kaiser Permanente, com idades entre 18 e 39 anos, que tiveram o primeiro resultado elevado de LDL-C entre 2008 e 2020. Eles foram divididos por níveis de LDL-C e por grupos em risco de doenças cardíacas, e o monitoramento dos testes e a iniciação de estatinas foram acompanhados ao longo de um, dois e cinco anos.
As principais descobertas incluem que, entre aqueles com LDL-C acima de 190 mg/dL, apenas 28,4% começaram a tomar estatinas no primeiro ano, e somente 45,7% em cinco anos. Para os que tinham LDL-C entre 160 e 189 mg/dL e estavam em alto risco, 25,3% iniciaram a utilização de estatinas no primeiro ano, aumentando para 46,4% ao longo de cinco anos. Também foi identificado que o seguimento dos testes de LDL-C em um ano caiu de 52,5% em 2008 para 35,4% em 2018 entre os indivíduos de alto risco.
Além disso, a iniciação de estatinas no primeiro ano diminuiu de 31,7% para 20,1% entre aqueles com LDL-C de 160 a 189 mg/dL em alto risco. Para aqueles com LDL-C acima de 190 mg/dL, a queda foi de 36,5% para 12,6%. Isso mostra que esse público não está recebendo o suporte necessário para cuidar de sua saúde cardíaca.
Os pesquisadores destacaram que há uma oportunidade para os sistemas de saúde desenvolverem melhores modelos de cuidado para atender essa população. Um programa chamado SureNet, que focou em integrar o contato com os pacientes e suporte para médicos, mostrou que essa abordagem pode ser uma solução para melhorar a prevenção de doenças cardíacas desde cedo.
Um especialista disse que esses dados mostram como é comum perder oportunidades de prevenção. Muitos jovens com colesterol alto podem estar começando um longo período de risco para problemas cardíacos. Identificar e abordar essas lacunas logo no início pode mudar a trajetória das doenças cardíacas ao longo da vida das pessoas.
O estudo foi feito em uma grande população segurada na Califórnia, o que pode restringir a aplicabilidade das descobertas a grupos sem seguro ou em outros contextos de atendimento. Além disso, os pesquisadores não verificaram se os pacientes estavam realmente tomando as estatinas prescritas, o que pode influenciar resultados a longo prazo. Também não foi analisado o ponto de vista dos pacientes ou médicos sobre o porquê de não terem iniciado o tratamento com estatinas ou feito o acompanhamento, fatores que podem impactar a decisão de tratamento na prática.
Esses dados reforçam a necessidade de ações mais efetivas para lidar com a saúde cardiovascular dos jovens adultos. Com o aumento dos casos de colesterol elevado, a comunidade médica deve intensificar os esforços para conscientizar e tratar essa faixa etária, garantindo que todos tenham acesso a cuidados adequados.
O foco deve ser em educar os jovens sobre a importância da saúde do coração, encorajando-os a realizar exames regulares de colesterol e a discutir qualquer resultado com seus médicos. Abordar a situação de forma proativa pode ajudar a evitar complicações futuras e garantir uma vida longa e saudável.
Em resumo, a saúde cardíaca dos jovens precisa de atenção especial. Com mais informações e um acompanhamento melhor, é possível garantir que menos jovens enfrentem riscos desnecessários. A implementação de estratégias de prevenção eficazes poderá fazer toda a diferença para essa geração e as que virão.
A saúde do coração é uma responsabilidade compartilhada entre médicos, sistemas de saúde e os próprios pacientes. Todos precisam estar engajados na prevenção, por meio de um estilo de vida saudável, consultas regulares e testes de colesterol, sempre prontos para agir diante de resultados preocupantes. Isso pode ser um passo importante rumo a um futuro mais saudável para todos.
