Segurança Alimentar em Alimentos à Base de Plantas: Fatos e Cuidados

    Atualmente, o conhecimento sobre segurança alimentar está muito ligado a alimentos que contêm produtos de origem animal. Já o entendimento acerca dos alimentos à base de plantas ainda está em desenvolvimento. A pesquisadora Jenny Schelin, da Universidade de Lund, na Suécia, alerta: “Acredita-se de forma ingênua que os alimentos vegetais são mais seguros do que os de origem animal. Essa ideia não é verdadeira.”

    Os alimentos vegetais também estão sujeitos a problemas. “Eles podem ter os mesmos patógenos que encontramos em carnes, peixes, laticínios e ovos”, ressalta Schelin. Especialistas afirmam que, mais cedo ou mais tarde, teremos que consumir menos produtos de origem animal. Existem várias razões para isso.

    Primeiro, essa mudança é essencial para reduzir o impacto ambiental da produção de alimentos. Embora a produção de carne ajude a manter paisagens abertas e biodiversidade, requer muito espaço, água e ração para a quantidade de comida gerada. A segunda razão é que recomendações nutricionais atuais sugerem que um aumento no consumo de vegetais traz benefícios à saúde, especialmente para adultos que já não estão em crescimento. E por último, cultivar alimentos localmente nos torna menos vulneráveis a crises e conflitos.

    Casos Graves Recentes

    Diante desse cenário, é necessário aumentar o conhecimento e a consciência sobre os riscos de alimentos à base de plantas. “Precisamos aprender a cozinhar corretamente esses novos ingredientes para evitar intoxicações alimentares, como as causadas por lectinas em feijões mal cozidos,” explica Schelin.

    Nos últimos anos, houve vários casos de intoxicações alimentares graves envolvendo alimentos vegetais contaminados por patógenos clássicos, como listeria, salmonela e Clostridium botulinum. “Temos muito conhecimento sobre alimentos de origem animal e sabemos bem dos riscos. No entanto, esse conhecimento é muito limitado no que diz respeito a frutas, legumes e produtos prontos à base de plantas, levando a uma subestimação dos perigos. Isso pode resultar em pessoas ficando realmente doentes,” enfatiza Schelin.

    Novos Alimentos a Caminho

    Muita pesquisa está sendo feita para desenvolver novos ingredientes e alimentos à base de plantas, sejam eles como itens a serem utilizados ou produtos prontos para consumo. Schelin destaca: “Estamos vendo farinhas de novas culturas, diferentes bebidas vegetais e refeições complexas que imitam carne. Um exemplo curioso é a farinha de inseto.”

    Os produtos vegetais semi-preparados costumam exigir mais etapas de produção. Isso significa que existem mais pontos em que algo pode dar errado e um risco pode ser introduzido. “Adicionar uma etapa de fabricação significa adicionar um risco”, explica. O exemplo de alternativas vegetais que imitam a carne ilustra bem isso.

    Primeiro, se cria um pó de proteína a partir da planta. Depois, esse pó é transformado em uma massa, que é moldada, temperada e, possivelmente, empanada. “Todas essas etapas requerem processos de fabricação diferentes e muitas vezes vários ingredientes”, detalha.

    Ela ressalta, no entanto, que quando se tem controle total sobre as etapas de fabricação e os ingredientes, o resultado são alternativas vegetais saborosas e seguras, que ela mesmo consome frequentemente. “É mais complexo e exige muito mais conhecimento do que simplesmente cozinhar ervilhas e comê-las,” conclui.

    Limpeza Mais Difícil

    Os resíduos de alimentos vegetais também podem ser mais complicados de limpar após a produção. Plantas contêm mais fibras, que podem ficar presas nos equipamentos de fabricação. “Se não limpas adequadamente, essas fibras podem causar problemas microbiológicos, caso esporos bacterianos da produção anterior acabem contaminando o próximo lote”, alerta Schelin.

    Ela recomenda que se pense na estrutura dos equipamentos e que os métodos de limpeza sejam adaptados para os novos ingredientes que estamos começando a utilizar.

    Transmitindo Conhecimento

    Schelin enfatiza a importância de manter e expandir constantemente o conhecimento sobre segurança alimentar. Esse saber deve ser passado para as novas gerações, especialmente agora que começamos a consumir novos tipos de alimentos. “Os consumidores devem saber como armazenar, manusear e preparar alimentos em suas próprias cozinhas”, afirma.

    Vivemos em um contexto privilegiado, onde o acesso a água, refrigeração e alimentos prontos é comum. No entanto, isso nos torna vulneráveis. A pesquisadora destaca que mais conhecimento, consciência e compreensão são sempre necessários para nossa segurança alimentar.

    Considerações Finais

    Com o aumento da popularidade dos alimentos à base de plantas, é essencial que entendamos bem todos os riscos envolvidos. Apenas assim conseguiremos aproveitar os benefícios de uma dieta mais rica em vegetais e garantir a nossa saúde e segurança. A mudança na forma como consumimos alimentos é um passo importante, mas devemos fazê-lo com consciência e cuidado, sempre atentos aos detalhes que fazem a diferença na nossa saúde.

    Investir em conhecimento e práticas seguras é um caminho necessário para avançar nessa nova era alimentar. Estamos todos juntos nessa jornada rumo a um futuro mais sustentável e seguro!

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