Nos dias de hoje, a rotina é marcada por uma série de tarefas e compromissos que parecem nunca ter fim. A pressão para produzir e aproveitar cada momento é constante, tornando o descanso algo raro e, muitas vezes, mal visto. Em consequência desse ritmo frenético, problemas como ansiedade, insônia e falta de concentração têm se tornado comuns na sociedade.
Nesse cenário, surge na pequena região da Dalmácia, na Croácia, um conceito que propõe o oposto: a fjaka. Esse termo, que se pronuncia “fíaca”, refere-se a um estado de estar presente sem se preocupar com exigências ou obrigações. Significa, essencialmente, permitir-se não fazer nada e desconectar-se das pressões diárias.
A fjaka é celebrada em lugares como Dubrovnik e Split, onde é vista como um privilégio, especialmente durante os meses quentes de verão. Não se trata de preguiça, mas sim de uma forma cultural de desacelerar, como sentar-se à sombra e simplesmente observar o mar. Essa prática pode ser uma maneira eficaz de cuidar da saúde mental.
Pesquisas científicas corroboram essa ideia. Estudos mostram que parar e dar um tempo para si mesmo pode ser um dos melhores caminhos para reduzir o estresse. Além disso, o verdadeiro descanso melhora a criatividade e a estabilidade emocional. Quando a mente é liberada de estímulos externos, ela entra em um estado que promove a reflexão e a conexão emocional.
Uma pesquisa da Universidade de Melbourne revelou que pequenas pausas ao longo do dia podem aumentar a produtividade e diminuir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. A prática de tirar um momento para respirar fundo e se afastar das telas pode ter um efeito significativo na autorregulação emocional.
No campo clínico, especialistas ressaltam a importância de momentos de inatividade consciente. A psicóloga britânica Claudia Hammond destaca que esses períodos de descanso ajudam a prevenir o esgotamento e melhoram o bem-estar geral. Práticas como o “doing nothing” e o “niksen” (conceito equivalente na Holanda) têm se tornado objeto de pesquisa, mostrando que não fazer nada pode, na verdade, ser uma conquista.
Assim, a fjaka pode ser vista como uma resposta cultural à pressão do dia a dia, reafirmando que é possível recuperar o tempo ao permitir-se parar. Dar espaço para a mente descansar é um sinal de cuidado, resistência e valorização do que realmente importa na vida.
