A correria do dia a dia, cheia de compromissos e prazos, tem levado muitas pessoas a um estado de constante produtividade. Nesta era em que é esperado que estejamos sempre ocupados, o tempo livre muitas vezes é preenchido por mais tarefas. Para muitos, o lazer é visto como algo negativo e o descanso, uma verdadeira perda de tempo. Essa pressão faz com que a linha entre cansaço físico e mental seja muito fina.
A hiperconectividade, juntamente com a cultura do “tudo ou nada”, intensifica essa pressão, fazendo com que as pessoas sintam a necessidade de estar disponíveis o tempo todo, até mesmo durante o seu tempo livre. As consequências disso já são visíveis: o aumento de problemas como ansiedade, insônia e depressão tem se tornado comum, além da dificuldade de concentração e de conexão consigo mesmo.
Em meio a esse cenário, um conceito originário de uma pequena área costeira da Croácia surge como uma alternativa refrescante: o “fjaka”. A pronúncia é semelhante ao termo utilizado popularmente em Buenos Aires, e na Dalmácia, a expressão refere-se a um estado de estar em que se não deseja nada. Diferente de preguiça, fjaka é sobre habitar o tempo de forma serena, sem a pressão por metas ou obrigações. Quando chega o calor, esse estado de espírito pode ser visto como um privilégio. É uma forma de desacelerar, de sentar-se à sombra e simplesmente contemplar o mar.
### O significado do fjaka
O fjaka pode ser traduzido como uma celebração da lentidão. Trata-se de se permitir momentos de calma, sem a necessidade de fazer algo produtivo. Em cidades como Dubrovnik e Split, esse estado de espírito é apreciado. A prática de não fazer nada, de maneira consciente, é uma maneira eficaz de cuidar da saúde mental. Estudos mostram que o verdadeiro descanso pode reduzir o estresse e favorecer a função cognitiva, a criatividade e a estabilidade emocional.
Pesquisas indicam que, quando a mente não está sobrecarregada, ela tende a entrar em um estado de introspecção que melhora a conexão emocional e consolida memórias. Esse “não fazer” é, na verdade, uma forma de “fazer” em um nível diferente.
Além disso, especialistas apontam que pequenas pausas ao longo do dia podem aumentar a produtividade e reduzir os níveis de estresse. Até mesmo breves intervalos de cinco minutos, dedicados a atividades simples como olhar pela janela ou respirar profundamente, têm um impacto positivo na saúde mental.
A psicóloga especialista em neurociência do tempo, Claudia Hammond, destaca que momentos de verdadeiro descanso são fundamentais para evitar o esgotamento crônico e melhorar o bem-estar geral. O conceito de fjaka se encaixa perfeitamente nessa visão, reforçando que parar não é perder tempo, mas sim um ato de autocuidado. Esse entendimento traz resistência a um sistema que frequentemente glamoriza o cansaço.
Em resumo, o fjaka é uma ferramenta cultural que estimula uma forma mais saudável de viver, promovendo o descanso e a reflexão em um mundo cada vez mais acelerado.
