O Horror na Casa de Ed Gein

    Em 1957, a polícia entrou na casa de Ed Gein, em Plainfield, Wisconsin, à procura de uma mulher desaparecida. O que eles descobriram foi muito além do esperado: não apenas o corpo decapitado de Bernice Worden, mas também móveis e objetos feitos de pele humana.

    Ed Gein, conhecido como o “Açougueiro de Plainfield”, era recluso. Ninguém na cidade sabia que ele tinha uma obsessão macabra: criar móveis a partir de pele e partes do corpo humano. Após a morte de sua mãe, Augusta, em 1945, Ed isolou-se ainda mais. Ele lacrou os quartos onde ela havia vivido e transformou a casa em um santuário sombrio.

    Nos dias seguintes, Gein mergulhou em obsessões sinistras. Ele passava horas lendo sobre experimentos médicos nazistas, estudando anatomia humana, devorando romances de terror e consumindo pornografia. Esses interesses distorcidos moldaram sua mente e formaram fantasias que logo se tornariam realidade.

    Em novembro de 1957, Bernice Worden, uma comerciante local, desapareceu. O último cliente dela foi Ed Gein. Ao investigar, a polícia entrou na casa de Gein e não estava preparada para o que iriam encontrar. Além do corpo de Bernice, a casa estava cheia de partes humanas e móveis grotescos.

    Móveis Macabros

    O que antes era um segredo sombrio tornou-se um escândalo sensacional. Dentro da casa de Gein, policiais encontraram itens horríveis, como órgãos em frascos, crânios usados como tigelas e uma variedade de objetos feitos com pele e ossos humanos. Esses itens incluíam cadeiras estofadas com pele, cestas de lixo e abajures feitos de rostos.

    Entre os objetos mais perturbadores estavam roupas de pele humana, incluindo um cinto feito de mamilos e uma corset de torso feminino. Embora Gein tenha confessado ter matado apenas duas mulheres, as autoridades acreditavam que ele estava ligado a muitos outros desaparecimentos. Ele frequentemente desenterrava túmulos de mulheres que se pareciam com sua mãe, com o intuito de coletar partes do corpo para suas criações.

    Ed começou cavando o próprio túmulo de sua mãe e rapidamente se tornou um ladrão de sepulturas. Ele registrava obituários de mulheres que lembravam Augusta e, ao saber de um falecimento, ia até o cemitério à noite. A busca por partes do corpo se tornou tão constante que, em última análise, fez com que Gein cometesse homicídios.

    A Relação Obsessiva com a Mãe

    A relação de Gein com sua mãe era distorcida e repleta de complexidades emocionais. Augusta era uma mulher controladora, que restringia a socialização dos filhos e impunha uma moral rígida. Ed e seu irmão, Henry, eram ensinados a evitar mulheres e a se manter afastados de qualquer relação amorosa.

    Esse cenário de isolamento contribuiu para o que muitos especialistas chamam de complexo de Édipo. Ed teria desenvolvido uma atração anômala e um desejo de se unir à mãe, o que dificultou suas relações interpessoais saudáveis. Quando Henry morreu em circunstâncias suspeitas, Ed ficou completamente sozinho e mergulhou em sua própria loucura.

    A morte de Augusta em 1945, acompanhada de sua obsessão em manter a memória dela viva, parecia ser o gatilho para suas mentes distorcidas. Ele começou a criar itens macabros, refletindo sua conexão doentia com sua mãe.

    A Psique de Ed Gein

    A maneira como Ed Gein lidou com a perda não era comum; a maioria das pessoas não responde à dor desse jeito. Embora Ed tenha sido diagnosticado com esquizofrenia, a falta de planejamento e tratamento adequado na década de 1950 dificultou qualquer abordagem compreensível sobre seu estado mental. Mesmo entre os psiquiatras da época, suas ações eram tão incomuns que não tinham noções claras do que estava acontecendo.

    Com o passar do tempo, surgiram várias teorias sobre a saúde mental de Gein. Enquanto alguns acreditam que ele era um psicopata, outros argumentam que a realidade de sua perda e o relacionamento doentio com a mãe demonstravam uma série de distúrbios psicológicos severos.

    Gein não foi apenas uma figura rara; ele representava uma série de mitos e histórias que se misturaram e criaram um legado sombrio. Seu comportamento deu origem a personagens de terror emblemáticos, como Leatherface de “O Massacre da Serra Elétrica” e Norman Bates de “Psicose”.

    O Legado de Ed Gein

    Ed Gein não apenas chocou a sociedade de sua época; ele deixou um rastro que seria explorado em várias produções de terror. Os personagens inspirados por ele, como Buffalo Bill de “O Silêncio dos Inocentes”, alimentaram estereótipos que ainda são debatidos hoje. Muitas discussões surgem sobre como essas representações afetam a percepção da comunidade transgender, embora Gein não se encaixasse nessa categoria.

    Gein manifestou um desejo de criar um “traje de mulher” inspirado em sua mãe, o que mostra a complexidade de sua psique. Perseguir figuras femininas para “absorvê-las” de alguma forma indicava uma relação deturpada e um desejo de controle.

    Como Dr. Gail Saltz discutiu, as mortes que ele cometeu foram impulsionadas por uma necessidade de reconexão com sua mãe através da destruição de outras mulheres que viam como figuras maternas.

    Considerações Finais

    A vida e os crimes de Ed Gein permanecem como um triste exemplo dos efeitos devastadores de traumas e relações familiares distorcidas. Sua história é um lembrete sombrio das profundezas da mente humana e da capacidade de algumas pessoas de viver fora da realidade.

    Na natureza da curiosidade humana por fenômenos mórbidos, a história de Gein nos leva a questionar a verdadeira essência do que é normal e onde o sofrimento humano pode levar.

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