A morte é um tema delicado e muitas vezes pesado. A ausência de alguém que amamos traz dor, saudade e um sentimento de que a vida não será mais a mesma. Porém, a maneira como vemos a morte depende bastante da cultura em que estamos inseridos. Em muitas partes do mundo, morrer é um tabu, especialmente no Ocidente, onde a morte é um assunto complicado. Será que a morte pode ser celebrada?
Muitas vezes, não falamos sobre a morte. Nossa formação religiosa, especialmente no Brasil católico, a torna ainda mais difícil de lidar. Mesmo com a crença em paraíso e vida eterna, não conseguimos ver a morte como algo natural. O espiritismo, por exemplo, apresenta a morte como uma passagem e mostra que a vida continua, aliviando o sofrimento que sentimos.
### Morte como Libertação
A morte é vista por muitos como um castigo. Quem nunca pensou: “coitado, fulano faleceu”? Enquanto isso, o nascimento é sempre comemorado. Mas, e se mudássemos essa perspectiva? Se a vida após a morte existir, talvez a morte não deva ser vista como uma vilã, mas sim como uma libertação.
Quando estamos no mundo espiritual, estamos em um estado pleno e cheio de amor. Nesse contexto, reencarnar é como entrar em uma prisão densa e solitária. Isso pode explicar o vazio que muitos sentem, já que a reencarnação é uma experiência difícil e intensa.
Estamos aqui de passagem. Nessa experiência física, somos frágeis e, por conta dessa materialidade, acabamos por dar um peso muito grande à morte. Precisamos lembrar que não perdemos nossos entes queridos; apenas nos distanciamos. Quando despertamos para nossa essência espiritual, a morte se torna natural e mais leve, permitindo contato com aqueles que partiram.
### A Morte – Do Lamento à Festa
As diferentes maneiras de lidar com a morte estão ligadas às tradições culturais e religiosas. Por exemplo, antigos mesopotâmicos enterravam seus mortos com diversos itens pessoais e comida, assegurando uma boa passagem.
No Ocidente, especialmente em culturas católicas, a morte costuma trazer muito sofrimento e tristeza, afetando a vida de quem ficou. Entretanto, outras culturas entendem que a morte pode ser um momento de celebração.
### A Morte no Brasil
No Brasil, temos o Dia de Finados para homenagear os mortos, um feriado em que muitos visitam cemitérios, levam flores e lembranças. É um momento de relembrar quem se foi, mas essa homenagem carrega tristeza. Homenagear é diferente de celebrar, pois a dor da ausência é sempre presente.
### México
Por outro lado, no México, o “Día de los Muertos” é uma grande celebração. As famílias se reúnem para festejar a vida dos entes queridos, com muita música e comida. As pessoas pintam os rostos e se vestem de forma festiva, lembrando os mortos com alegria, sem tristeza.
### Espanha
Assim como no México, na Espanha também se realizam desfiles vibrantes. Durante as homenagens, é comum oferecer um doce típico, chamado “huesos de santos”, elaborado com marzipã. Essas celebrações são alegres, afastando a tristeza que vemos no Brasil.
### Guatemala
Na Guatemala, a festa em honra aos mortos é marcada por pipas coloridas e muita música. Crianças brincam e trazem alegria ao evento, tornando a celebração leve e cheia de vida.
### Índia
Na cultura hindu, a morte é encarada como uma continuidade de ciclo. A cremação é um ritual sagrado e, depois dela, a família deve transmitir alegria, pois a morte representa uma nova jornada. Durante as celebrações, honram-se os antepassados com orações e ofertas.
### Camboja
No Camboja, a cultura Khmer realiza um festival alegre, onde as pessoas visitam templos e fazem oferendas. Após essas cerimônias, a comunidade comemora com corridas de búfalos e festas, transformando a tristeza em celebração da vida do falecido.
### Reflexão
É importante compreender a morte como um novo começo e não como um fim. Quanto mais entendemos sobre a vida e a morte, menos sofrimento teremos quando a perda acontecer. Ao invés de lágrimas e lamento, devemos tentar encontrar um sentido mais leve para a partida dos que amamos.
A maneira como lidamos com a morte varia bastante. Cada cultura traz uma visão única e diversa que pode nos ensinar sobre o ciclo da vida. Assim, ao passar por esse momento, é útil abrir a mente e o coração para novas interpretações sobre o que significa realmente a morte. Ao incluí-la no ciclo da vida, podemos aprender a celebrar a existência e o legado de quem partiu, ao invés de nos deixarmos abater pela dor.
