Nos últimos anos, os acidentes de trânsito, especialmente aqueles envolvendo motocicletas, têm se tornado uma grave questão de saúde pública no Amazonas. Esses incidentes não só se somam às estatísticas do dia a dia, mas também trazem consequências profundas para famílias, hospitais e para o sistema de saúde do estado.
Dados da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) mostram que os acidentes de trânsito impõem uma pressão constante ao Sistema Único de Saúde (SUS). Entre janeiro e novembro de 2025, as unidades de saúde registraram 17.562 atendimentos a vítimas de acidentes. Isso representa um aumento de 25% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram contabilizados 13.970 atendimentos.
Os acidentes envolvendo motocicletas correspondem a 76% das ocorrências registradas. Nesse período, o Governo do Amazonas gastou cerca de R$ 587,2 milhões em cuidados médicos para essas vítimas, um valor que representa 17% do orçamento da saúde estadual. O custo médio de tratamento por paciente pode chegar a cerca de R$ 39,9 mil, considerando internações, cirurgias, exames e reabilitação. Para as vítimas de acidentes de motocicleta, esse valor é em média R$ 34,2 mil.
Além dos custos diretos do tratamento médico, muitos pacientes necessitam de fisioterapia e outros cuidados após a alta hospitalar. Estudo da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia indicou que um em cada três motociclistas atendidos tem sequelas permanentes, o que pode levar a aposentadorias precoces e aumentar os gastos da Previdência Social. O impacto não se limita apenas à saúde das vítimas; também afeta a dinâmica econômica das famílias, principalmente quando o acidentado é o principal provedor do lar.
As mortes causadas por acidentes de motocicleta indicam um cenário alarmante. Segundo o Atlas da Violência 2025, 53,7% das mortes no trânsito no Amazonas em 2023 foram atribuídas a acidentes com motos, totalizando 252 fatalidades de um total de 440.
O Amazonas enfrenta desafios adicionais devido às suas grandes dimensões. O estado, que possui 62 municípios e longas distâncias, depende fortemente de transporte fluvial e aéreo. Incidentes graves no interior exigem não apenas cuidados médicos, mas também a mobilização de aeronaves e equipes especializadas, já que muitos dos tratamentos avançados estão disponíveis principalmente na capital.
No primeiro trimestre de 2025, foram realizadas mais de 1.300 remoções aeromédicas, muitas relacionadas a traumas de acidentes de trânsito. Diante dessa realidade, é importante reconhecer o esforço do Governo do Amazonas e do SUS em melhorar a assistência médica. Sob a liderança do governador Wilson Lima e da secretária de saúde, Nayara Maksoud, o sistema tem se reestruturado para atender melhor os pacientes, especialmente aqueles com traumas.
Mudanças na gestão e no planejamento resultaram em melhorias, como a redução do tempo de permanência dos pacientes em leitos hospitalares. Pacientes que antes aguardavam dias para cirurgias agora são operados quase imediatamente ao chegarem aos hospitais, o que tem contribuído para a diminuição de infecções hospitalares e um retorno mais rápido à vida normal.
Apesar do aumento de acidentes, houve uma queda nas mortes relacionadas a esses eventos, o que indica que uma gestão eficiente pode salvar vidas.
Embora o SUS tenha se mostrado resiliente e eficaz, é necessário entender os limites do sistema. Cada novo acidente desvia recursos de outras áreas essenciais, como cuidados com doenças crônicas e prevenção, criando uma sobrecarga que pode impactar a saúde pública como um todo.
Portanto, a solução para a redução dos acidentes de trânsito deve ser uma prioridade nas políticas de saúde pública. Isso inclui investir em educação para o trânsito, fiscalização, melhorias na infraestrutura e na formação de motoristas. A motocicleta é uma ferramenta importante para muitos brasileiros, mas seu uso inadequado pode resultar em tragédias.
A conscientização da população é essencial para reduzir o número de acidentes, salvar vidas e aliviar a pressão sobre o sistema de saúde. Cada acidente evitado significa mais leitos disponíveis, e o uso adequado de equipamentos de segurança, como capacetes, pode resultar em menos cirurgias e recuperações mais rápidas. Cada vida preservada é, portanto, uma vitória para toda a sociedade.
