Cidades do Rio Grande do Sul Registram Taxas Elevadas de Mortalidade por Câncer de Mama
Cidades gaúchas estão enfrentando altos índices de mortalidade por câncer de mama, com a idade das vítimas e a diminuição da população local sendo apontadas como algumas das causas. Essa situação foi revelada em um recente boletim epidemiológico sobre a doença no estado.
Em 2023, o Rio Grande do Sul registrou 1.399 óbitos em decorrência do câncer de mama, uma queda de 8,9% em relação a 2022. A taxa média de mortalidade foi de 24,2 mortes a cada 100 mil mulheres.
Entre os municípios com as maiores taxas de mortalidade, destaca-se Vista Alegre do Prata. Com apenas 1.590 habitantes, a cidade teve duas mortes em 2024, o que resultou em uma alarmante taxa de letalidade de 257,07, mais de dez vezes acima da média estadual. As vítimas tinham 61 e 88 anos.
Rafael Mackoski, o secretário de Saúde do município, explica que, em cidades pequenas, qualquer óbito pode provocar um aumento significativo na taxa de letalidade. Ele ressalta a ausência de centros para realização de mamografias e tratamento oncológico na cidade. Atualmente, a prefeitura contrata cerca de 20 mamografias mensais, executadas a 16 quilômetros de distância, em Guaporé. Dependendo do resultado, as pacientes precisam viajar para Farroupilha, que fica a 112 quilômetros, para receber atendimento especializado.
Quando o tratamento inclui quimioterapia ou radioterapia, a referência é o Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves, a 87 quilômetros de Vista Alegre do Prata.
Apesar da distância, o secretário defende que não há filas de espera e que o município oferece acesso a mamografias até para mulheres abaixo da faixa etária indicada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O Ministério da Saúde também atualizou recentemente as orientações para a realização de mamografias no SUS. Desde setembro de 2024, a recomendação abrange mulheres de 50 a 74 anos, sendo que a faixa etária com maior número de óbitos no estado foi a de 70 a 79 anos, respondendo por 22,9% dos casos.
Outro município com alta taxa de mortalidade por câncer de mama é Chapada. Com uma população de cerca de 9.211 habitantes, foram registradas sete mortes em 2024, resultando em uma taxa de letalidade de 201,33 por 100 mil mulheres. Seis das vítimas tinham entre 70 e 89 anos. A secretária de Saúde de Chapada, Odete Maria Guareschi, menciona a resistência de algumas mulheres em realizar os exames, acreditando que já não há necessidade após a faixa etária recomendada.
Em Chapada, o município contrata aproximadamente 80 mamografias por mês, sem filas de espera. Os exames são realizados em Carazinho ou Sarandi, a 34 e 46 quilômetros, respectivamente.
Uma moradora de Chapada, Aneide Terezinha Giacomelli, de 64 anos, é um exemplo das dificuldades enfrentadas. Ela descobriu um câncer após uma mamografia realizada em Sarandi. Entre o diagnóstico, exames, cirurgias e tratamentos de quimioterapia, o processo se estendeu até setembro de 2024. Aneide enfatiza a importância dos exames regulares e incentiva outras mulheres a se cuidarem.
Ela relata que muitas pessoas com quem conversou durante o tratamento estavam cientes de que tinham caroços, mas não buscavam a ajuda médica necessária. Isso destaca a importância da detecção precoce e do acesso a cuidados adequados para a luta contra o câncer de mama.
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