Antártica: O Continente Gelado e Seus Vulcões Ativos

    Quando pensamos na Antártica, a primeira imagem que nos vem à mente é de um deserto de gelo imenso, onde não parece haver muita vida ou movimento. No entanto, esse continente gelado guarda um segredo surpreendente. Por baixo da enorme Camada de Gelo da Antártica Ocidental, existe a maior região vulcânica conhecida do planeta, com até 138 vulcões. Enquanto alguns vulcões estão visíveis acima do gelo, novas descobertas revelaram que outros estão escondidos sob essa camada.

    O vulcão mais famoso da Antártica é o Monte Erebus, descoberto em 1841. Com altitudes de 3.810 metros, ele fica na Ilha Ross e é o vulcão ativo mais ao sul do mundo. O Erebus abriga um dos poucos lagos de lava permanentes do planeta, que está em ebulição desde pelo menos 1972. Junto com a Ilha Deception, localizada nas Ilhas Shetland do Sul, o Erebus é um dos apenas dois vulcões atualmente considerados ativos na região.

    Nos últimos cem anos, exploradores polares identificaram muitos outros vulcões na Antártica, pelo menos 40. Esses vulcões foram notados devido a montanhas com formas ou alturas diferentes em relação ao resto da paisagem gelada. Exceto por Erebus e Deception, os outros são considerados vulcões dormentes. Porém, em 2017, pesquisadores descobriram 91 vulcões desconhecidos que estavam ocultos sob a Camada de Gelo da Antártica Ocidental.

    Os cientistas utilizaram dados de satélite, radar que penetra o gelo e medições aeromagnéticas e aerogravimétricas, que ajudam a mapear a estrutura geológica da Terra a partir do ar. Essas técnicas permitiram identificar zonas de rocha basáltica, que é a rocha geralmente associada a vulcões, escondidas sob o gelo.

    Os resultados dessas descobertas não confirmam se os novos vulcões são ativos, mas essa possibilidade deve ser levada em conta. Além disso, caso a camada de gelo da Antártica se torne mais fina, a atividade vulcânica pode aumentar. Robert Bingham, um dos pesquisadores envolvidos na descoberta, explicou que a perda de gelo pode liberar pressão dos vulcões debaixo da camada. Isso poderia causar erupções que destabilizariam as placas de gelo.

    Outro aspecto impressionante da Antártica é seu frio intenso. Todos sabemos que a Antártica é bem gelada, mas é difícil imaginar quão extremo pode ser esse frio. No dia 21 de julho de 1983, em plena noite polar, a temperatura na estação de pesquisa Vostok, da Rússia, caiu até -89,2°C. Essa é a temperatura mais baixa já registrada no planeta.

    Para você ter uma ideia, a temperatura mais baixa nos Estados Unidos foi de -62,2°C em Prospect Creek Camp, no Alasca, em 1971. A temperatura mais fria já registrada nos Estados Unidos contíguos foi de -53,2°C em Rogers Pass, Montana, em 1954.

    Se isso já parece frio o suficiente, dados de satélites da NASA mostraram que podem existir temperaturas ainda mais baixas na Antártica. Em 2013, uma análise dos dados revelou temperaturas de -94,7°C em uma região elevada entre os domos Argus e Fuji, dois picos do gelo conhecidos como o Planalto da Antártica Oriental. No entanto, como essa medição foi feita por satélite e não por termômetros, ela não é aceita em recordes oficiais, como o dos Guinness World Records.

    Falando em vulcões, mesmo na Antártica, eles têm um papel importante em entender as mudanças climáticas. O derretimento do gelo pode afetar a atividade vulcânica. À medida que a camada de gelo se desgasta, isso pode alterar a pressão sobre os vulcões subterrâneos, potencialmente levando a novas erupções, que podem impactar o clima.

    A pesquisa sobre os vulcões da Antártica é recente e ainda temos muito a aprender. Os cientistas continuam a trabalhar para entender como essas estruturas geológicas interagem com o ambiente ao nosso redor. A atividade vulcânica, mesmo sob um manto de gelo, está interligada a processos geológicos que influenciam o planeta como um todo.

    A Antártica, enquanto parece ser um simples bloco de gelo, apresenta um conjunto de dinâmicas geológicas e climáticas que são cruciais para nossa compreensão do planeta. Essa região, com seus vulcões e temperaturas extremas, nunca deixa de nos surpreender e nos faz refletir sobre os mistérios que ainda existem em nosso mundo.

    Para resumir, a Antártica não é apenas um lugar de frio e gelo. A descoberta dos vulcões escondidos sob a camada de gelo mostra que esse lugar tem muito mais a oferecer. O estudo contínuo dessa região nos ajuda a entender como as mudanças climáticas podem afetar não apenas o continente, mas também o mundo todo.

    Assim, da próxima vez que você pensar na Antártica, lembre-se que por baixo do gelo, há muita atividade acontecendo, e que isso está sempre conectando nossa compreensão sobre geologia e clima. E, quem sabe, esses vulcões possam nos surpreender com novas revelações no futuro!

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