A Nova Tendência das Imagens Geradas por IA nas Redes Sociais
Nos últimos meses, o uso de aplicativos que empregam inteligência artificial (IA) para criar imagens impossíveis de viagens realistas tem se espalhado nas redes sociais. Basta percorrer o feed de amigos ou influenciadores para se deparar com fotos que retratam cenários típicos de férias, como a Torre Eiffel em Paris ou praias paradisíacas do Caribe. O detalhe é que essas imagens muitas vezes não correspondem a experiências reais.
Inicialmente, as pessoas usavam filtros que transformavam fotos comuns em animações inspiradas no estúdio Ghibli ou recriavam suas fotos de infância em novos cenários. Agora, a nova moda é postar imagens de turismo, frequentemente sem mencionar que foram geradas artificialmente. Esses aplicativos são capazes de criar fotos hiper-realistas em questão de segundos. Por exemplo, ao usar a ferramenta Nano Banana Pro, é possível ver-se tomando café da manhã em um hotel grego ou dirigindo uma Ferrari em uma estrada italiana, bastando apenas enviar uma selfie e descrever o cenário desejado.
O fenômeno gerou comunidades online dedicadas a essa prática, com usuários trocando dicas sobre como criar essas imagens. Ferramentas como o ChatGPT e programas específicos de IA, como o Nano Banana, têm atraído muitos entusiastas. Um aplicativo que se destaca é o Endless Summer, lançado recentemente pelo designer Laurent Del Rey, que foca em fornecer fotos fictícias de férias para aqueles que buscam uma pausa mental.
Os aplicativos geralmente oferecem uma quantidade gratuita limitada de imagens criadas, após a qual os usuários podem optar por comprar pacotes de fotos. Em apenas 30 dias, o Endless Summer produziu mais de 30 mil imagens, conforme relatado por Del Rey, que garante que seu sistema não utiliza fotos reais, apenas descrições textuais.
Entretanto, a facilidade com que essas imagens podem ser geradas levanta questões sobre a sinceridade nas redes sociais. Embora muitos postem essas criações sem explicitar que são geradas por IA, é comum que os usuários admitam essa informação quando questionados por amigos ou seguidores. O designer Del Rey observa que o uso do aplicativo tende a ser mais lúdico do que enganoso, permitindo que as pessoas explorem realidades que desejariam viver.
Outro exemplo que tem ganhado atenção é o site FakeTravel.net, que também gera imagens simuladas de famosos destinos turísticos a partir das fotos pessoais dos usuários. Com mais de 500 mil imagens criadas, a plataforma se posiciona como uma forma de “dar vida aos destinos dos sonhos”.
No Instagram e em grupos do Facebook, usuários compartilham não somente suas imagens geradas, mas também os comandos utilizados para obter esses resultados, promovendo uma cultura de troca e replicação dessa experiência. Essa tendência também é observada no Brasil, onde influenciadores compartilham seus próprios momentos criados por IA, misturando fotos reais e fictícias.
No entanto, o crescente uso de imagens geradas por IA levanta questões sobre autenticidade e impacto psicológico. Especialistas apontam para a necessidade de um maior letramento digital em relação ao uso de novas tecnologias. Ao mesmo tempo, surgem preocupações sobre as implicações legais e de privacidade ao compartilhar selfies que podem ser utilizadas para treinar modelos de IA.
Com o avanço dos aplicativos e o potencial para alterar a percepção da realidade digital, a sociedade pode estar entrando em uma nova era, onde a criação de imagens não é apenas uma ferramenta de expressão, mas também um reflexo das aspirações e sonhos das pessoas.
