Um homem foi preso recentemente acusado de perseguir a atriz Isis Valverde por 20 anos. Esse caso trouxe à tona um crime pouco discutido no Brasil: o stalking, que é a perseguição obsessiva de uma pessoa. Em depoimento, Isis relatou que temia não apenas por sua segurança, mas também pela da sua família. O acusado, que é do Rio Grande do Sul, chegou a contratar um detetive particular para descobrir o endereço e o telefone dela. Desde o começo do ano, o homem apresentou comportamentos invasivos e preocupantes.
O stalking é um crime que se insere entre diversas formas de violência contra as mulheres. Entre 2023 e 2024, os casos de feminicídio aumentaram 0,7%, e as tentativas de feminicídio subiram 19%. Além disso, houve um aumento de 6,3% nos registros de violência psicológica. Os números mostram um quadro alarmante, com o Brasil registrando, no ano passado, a maior quantidade de estupros da história, totalizando 87.545 vítimas, o que equivale a quase dez por hora.
Em 2022, foram reportados 95.026 casos de stalking no país, ou seja, aproximadamente 260 por dia, o que representa um aumento de 18,2% em relação ao ano anterior. No entanto, o número real pode ser maior, já que muitos casos não são denunciados. Especialistas alertam que tanto homens quanto mulheres acabam normalizando esses comportamentos, dificultando a identificação da situação como uma forma de violência.
Embora possa parecer menos grave em comparação com outros tipos de violência, o stalking é um sinal preocupante da escalada da agressão. O que começa como uma simples perseguição pode evoluir para agressões físicas, lesões e até feminicídios. Mulheres que enfrentam essas perseguições frequentemente se isolam socialmente e podem sofrer com angústia, insônia, pesadelos, depressão e síndrome do pânico.
A legislação sobre stalking no Brasil foi introduzida em 2021, tornando a perseguição reiterada que ameaça a integridade da vítima um crime tipificado. As penas variam de seis meses a dois anos de prisão, além de multas. Quando o crime é cometido contra uma mulher por motivos de gênero, a pena é dobrada. Apesar da legislação existir, a prática muitas vezes não resulta em penas severas, já que a natureza do crime é considerada de menor potencial ofensivo.
As autoridades e organizações não governamentais devem trabalhar para aumentar os canais de denúncia e encorajar as vítimas a se manifestarem, ajudando a identificar a gravidade do problema. A polícia tem o papel de investigar os casos, enquanto a Justiça deve punir os agressores de forma eficaz, de acordo com as leis que foram estabelecidas. Uma resposta rápida e rigorosa a situações de perseguição é fundamental para prevenir ainda mais a violência de gênero.
