A Triste História de Bobby Driscoll: O Menino que Brilhou e Caiu em Dores

    Bobby Driscoll foi um ator que começou a brilhar muito jovem. Famoso por dar voz ao personagem principal no clássico da Disney, Peter Pan, lançou sua carreira com filmes icônicos, como A Ilha do Tesouro e Canção do Sul. No entanto, sua trajetória nem sempre foi de sucesso. Infelizmente, ele lutou contra uma dependência severa de heroína, que resultou em sua morte prematura aos 31 anos. Esta é a história de vida e morte de Bobby Driscoll.

    Como Bobby Driscoll se Tornou uma das Primeiras Estrelas Mirins da Disney

    Robert Cletus Driscoll, conhecido como Bobby Driscoll, nasceu em 3 de março de 1937, em Cedar Rapids, Iowa. Nos primeiros anos de vida, sua família se mudou para Des Moines. Pouco tempo depois, devido a problemas de saúde do pai, decidiram se mudar para Altadena, na Califórnia, em 1943.

    A carreira de Bobby começou muito cedo. Com apenas cinco anos, ele foi “descoberto” quando um dos filhos do barbeiro do seu pai o ajudou a fazer o primeiro teste para um pequeno papel no filme Lost Angel. Ele impressionou o diretor com suas perguntas curiosas e, assim, garantiu seu primeiro trabalho.

    Em 1944, Bobby atuou em The Fighting Sullivans, um filme que chamou a atenção de Walt Disney. No mesmo ano, fez outras aparições, como em Sunday Dinner for a Soldier. Durante essa época, ele também estava sob contrato com os estúdios da Disney.

    A Ascensão ao Estrelato

    Em 1946, Bobby Driscoll conseguiu um papel protagonista como Johnny em Canção do Sul. Apesar das críticas que o filme recebeu posteriormente, principalmente por suas representações racistas, a canção “Zip-A-Dee-Doo-Dah”, que ganhou um Oscar, ajudou Bobby a alcançar fama.

    Bobby e sua colega Luana Patten foram os primeiros atores mirins contratados por Walt Disney e ficaram conhecidos como a “Dupla Doce”. Eles também fizeram juntos o filme So Dear to My Heart.

    Em 1949, Bobby assinou um novo contrato de sete anos com a Disney. Um ano depois, estrelou A Ilha do Tesouro e, durante essa época, foi até emprestado para outros estúdios, como para atuar em The Window. No auge de sua carreira, ele recebeu o Prêmio Juvenil da Academia por suas atuações.

    O Papel de Peter Pan e a Demissão

    Em 1951, Bobby começava a trabalhar em Peter Pan. Contudo, rumores sobre uma possível demissão estavam circulando nos bastidores. Apesar de Walt Disney vê-lo como seu jovem ator favorito, a idade de Bobby estava começando a pesar, com mudanças visíveis em sua aparência.

    Em 1953, no mesmo ano em que Peter Pan foi lançado, Bobby foi demitido da Disney de forma abrupta. Segundo relatos, ele foi informado sobre sua demissão após ser barrado na entrada do estúdio.

    Essa demissão afetou Bobby profundamente. Além de perder seu emprego em uma das maiores empresas de entretenimento, ele tinha dificuldades em se adaptar na escola pública, onde encontrou muito bullying. Os colegas o viam mais como uma celebridade e menos como um amigo.

    Bobby descreveu essa fase dizendo que tentava se encaixar, mas sempre era rejeitado. Essa luta o levou a experimentar drogas.

    O Uso de Drogas e Problemas Legais

    Após ser desligado da Disney, Bobby tentou encontrar novos trabalhos, aparecendo em algumas séries de televisão, mas nenhuma dessas oportunidades se comparava ao seu sucesso anterior. Sua luta para se desvencilhar da imagem de “estrela mirim” não foi fácil.

    O uso de drogas, especialmente a heroína, tornou-se seu refúgio. Aos 19 anos, Bobby se juntou à Geração Beat, um movimento que promovia um estilo de vida boêmio e liberal. Isso o expôs ainda mais ao uso de substâncias.

    Em 1956, ele foi preso por posse de maconha, mas a acusação foi arquivada. Infelizmente, essa prisão foi apenas o início de uma série de problemas legais, que incluíam várias prisões por posse de drogas, agressão e até furto. Em 1961, Bobby foi internado em uma clínica de reabilitação.

    Com sua carreira em baixa e problemas com drogas, Bobby decidiu se mudar para Nova York em 1965. Ele deixou seus filhos, frutos do seu casamento com Marilyn Rush, para trás. O casal se casou em 1956, mas se separou em 1960. Com o tempo, Bobby se afastou completamente dos filhos devido ao seu vício.

    A Morte de Bobby Driscoll e Seu Corpo Não Identificado

    Em Nova York, Bobby se envolveu com a Factory, o estúdio de Andy Warhol, onde fez sua última aparição em um filme chamado Dirt. Pouco se sabe sobre os seus últimos dias, e suas aparições diminuíram.

    No dia 30 de março de 1968, duas crianças encontraram o corpo de Bobby Driscoll em um prédio abandonado. Ele estava deitado em um colchão, cercado por garrafas vazias de cerveja e panfletos religiosos. Tragicamente, ninguém sabia quem ele era. A causa da morte foi identificada como o endurecimento das artérias, consequência do uso prolongado de heroína.

    Bobby foi enterrado em uma cova de indigentes na Ilha Hart, onde descansam outros corpos não identificados que também tiveram destinos tristes.

    A história da morte de Bobby só foi descoberta um ano e meio depois. Sua mãe, que não tinha contato com ele havia anos, soube de sua morte quando tentava organizar um encontro entre ele e seu pai, que também estava doente. Sua identificação se deu após uma correspondência de impressões digitais.

    Em 1972, o público tomou conhecimento da morte de Bobby devido ao relançamento de Canção do Sul. Até hoje, seu corpo permanece em um túmulo não identificado na mesma ilha, um último testemunho de sua vida marcada por altos e baixos.

    Reflexão Final

    A vida de Bobby Driscoll é uma lembrança da fragilidade da vida e do impacto que a fama pode ter sobre as crianças. Sua história nos convida a refletir sobre os desafios que muitos jovens artistas enfrentam e as consequências que podem surgir quando o brilho da fama se apaga. Bobby não é lembrado apenas por seus papéis, mas também pela tragédia que ocasionalmente acompanha a fama.

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