A prematuridade atinge mais de 15 milhões de bebês anualmente em todo o mundo. No país, aproximadamente 30% dos partos são considerados prematuros, o que coloca essa condição entre as principais razões para internações em UTIs neonatais.

    Especialistas apontam que o aumento do número de gestações múltiplas, doenças crônicas entre as gestantes e condições específicas da gravidez são fatores que contribuem para o crescimento das taxas de prematuridade. Para entender melhor essa situação e as possíveis consequências para o futuro das crianças, além das formas de prevenção, um ginecologista e obstetra de uma maternidade no Rio de Janeiro destacou informações importantes.

    A prematuridade é definida como o nascimento de um bebê antes de 37 semanas de gestação. Os nascimentos que ocorrem entre 37 e 42 semanas são considerados a termo, sendo divididos em termo precoce (37 a 39 semanas), termo ideal (39 a 41 semanas) e termo tardio (após 41 semanas). Essa divisão é crucial para a análise das internações em UTIs neonatais, especialmente em países onde a taxa de cesárea é alta.

    Um dos problemas gerados pela prática das cesáreas agendadas é que muitas mães, mesmo após 37 semanas, não têm bebês suficientemente maduros. Isso provoca necessidade de internação nos cuidados de uma UTI neonatal, onde os recém-nascidos se ajustam à respiração fora do útero. Esse processo é mais comum em locais com índice elevado de cesáreas eletivas, realizadas sem a indicação médica absolutamente necessária.

    A tendência de aumento da prematuridade é observada tanto no país quanto mundialmente. Mudanças nos hábitos reprodutivos são uma das causas: mulheres têm filhos mais tarde, frequentemente após os 35 anos. Isso traz riscos maiores de complicações, como pressão alta e diabetes gestacional, condições que estão ligadas a partos prematuros. O uso crescente de técnicas de fertilização in vitro também se associa a riscos clínicos elevados e requer um acompanhamento pré-natal mais rigoroso.

    Outros fatores que aumentam o risco de prematuridade incluem doenças como diabetes e pré-eclâmpsia, que é uma complicação relacionada à hipertensão na gravidez. Enquanto a diabetes pode ser controlada para permitir uma gestação mais prolongada, a pré-eclâmpsia tende a piorar e exige a atenção dos médicos para proteger a saúde da mãe e do bebê. Questões mecânicas, como malformações uterinas ou cirurgias do colo do útero, além de infecções urinárias, também podem levar a nascimentos prematuros.

    Sobre a responsabilidade dos médicos, é fundamental que obstetras alertem suas pacientes sobre os riscos de antecipar o parto, mesmo que as gestantes manifestem desejo para isso devido ao desconforto da gravidez. Diretrizes éticas e de boas práticas recomendam que cesáreas eletivas sejam realizadas apenas após 39 semanas, garantindo que os bebês tenham um desenvolvimento pulmonar adequado e menos risco de complicações respiratórias.

    A prevenção do parto prematuro é amplamente atribuída ao pré-natal de qualidade. Isso inclui um número adequado de consultas e exames laboratoriais, que ajudam na identificação de possíveis complicações. Exames regulares de urina e o controle de infecções também são fundamentais para evitar partos antecipados.

    Um bom pré-natal deve incluir entre 7 a 10 consultas durante a gestação, além de monitoramento constante da pressão arterial, glicose e exames laboratoriais. Com esse acompanhamento, é possível detectar alterações de saúde das mães precocemente e intervir para prevenir o parto prematuro.

    As consequências do nascimento prematuro podem ser sérias tanto para os bebês quanto para as mães. Bebês prematuros têm um sistema imunológico e respiratório menos desenvolvido, o que os torna mais vulneráveis a infecções e a necessidade de suporte alimentar e respiratório. Para as mães, os riscos estão mais associados às condições que causaram a prematuridade e aos possíveis problemas enfrentados durante o parto, como hemorragia e complicações cirúrgicas.

    O cuidado perinatal é essencial para mitigar sequelas em bebês prematuros. Estruturas de UTI neonatal oferecem suporte multidisciplinar para garantir que os bebês recebam os cuidados necessários para um desenvolvimento saudável. Isso inclui alimentação, suporte respiratório e prevenção de infecções. Para que um prematuro receba alta, é preciso que ele tenha mais de 2 kg, consiga mamar sozinho e respire ar ambiente.

    Todos os bebês que nascem prematuros são levados à UTI neonatal, onde recebem vigilância intensiva. Nesse espaço, os cuidados são agrupados conforme a gravidade, permitindo que recém-nascidos que necessitam de acompanhamento mínimo sejam tratados em ambientes diferenciados dos que apresentam condições mais críticas.

    Nos últimos anos, houve significativos avanços no manejo da prematuridade, tanto nos cuidados dentro das UTIs neonatais quanto nas práticas obstétricas. A taxa de sobrevivência de bebês prematuros melhorou consideravelmente em comparação a duas décadas atrás, graças a inovações no atendimento e na tecnologia, além de uma compreensão mais aprofundada sobre o suporte nutricional e ventilatório.

    Essas melhorias têm ajudado a aumentar a taxa de sobrevivência de bebês com menos de 1 kg e melhorado a identificação de riscos de parto prematuro, a partir de exames laboratoriais e de imagem. Dessa forma, o monitoramento da saúde materna e fetal se tornou mais eficaz, permitindo intervenções que reduzam a chance de partos prematuros.

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