Um buraco negro supermassivo fez história ao devorar uma estrela e emitir um brilho tão intenso que equivale à luz de um trilhão de sóis. O evento, chamado de flare de buraco negro, foi registrado em um estudo que aparece na revista Nature Astronomy e é considerado o mais brilhante já documentado até hoje.

    Esse fenômeno foi identificado pelo Zwicky Transient Facility (ZTF), um projeto associado ao Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech). De acordo com os cientistas, o clarão se originou no centro de uma galáxia ativa que está localizada a 10 bilhões de anos-luz da Terra, numa área conhecida como J2245+3743.

    Matthew Graham, professor e pesquisador do Caltech, destacou que eventos como esse são extremamente raros. Ele comentou sobre a singularidade do fenômeno, afirmando que “este é realmente um objeto único em um milhão”.

    O impressionante brilho foi gerado quando uma estrela gigante foi puxada pela força gravitacional do buraco negro, que possui uma massa 500 milhões de vezes maior que a do Sol. Quando a estrela foi destruída e consumida, ocorreu um que é conhecido como evento de disrupção por maré (TDE, na sigla em inglês), no qual a energia liberada cria explosões de luz que podem ser vistas a bilhões de anos-luz de distância. Graham observou que esse flare é 30 vezes mais luminoso do que qualquer outro já registrado fora do nosso sistema solar.

    Uma das características mais surpreendentes do evento é a sua duração. Sete anos após sua ocorrência, o brilho ainda é detectável, embora em declínio, sugerindo que o buraco negro continua a consumir o que restou da estrela. Graham fez uma analogia, comparando a situação a um peixe que ainda não terminou de engolir sua presa.

    O flare foi inicialmente identificado em 2018, mas apenas em 2023, medições de distância realizadas pelo Observatório W. M. Keck, no Havaí, puderam revelar a verdadeira magnitude do evento. Graham recordou o momento em que os cientistas perceberam que “isso está muito mais longe do que pensávamos” e se impressionaram com a quantidade de energia que estava sendo liberada.

    Essas descobertas estão mudando a compreensão que pesquisadores têm sobre o comportamento dos buracos negros. Graham comentou que anteriormente se imaginava que esses gigantes no centro das galáxias eram estáticos e silenciosos, mas agora se sabe que eles podem ser muito mais dinâmicos do que se acreditava, e que ainda há muito a ser aprendido sobre o que ocorre ao seu redor.

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